Nos corredores

Zacharow no PMDB

Após uma longa conversa com o líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (RN), o deputado paranaense André Zacharow decidiu ficar no partido. Ele já havia anunciado a mudança para o PSD, que ainda não está formalizado, mas voltou atrás. A conversa com Alves ocorreu na quarta-feira à tarde e até ontem pela manhã Zacharow não havia comunicado a decisão ao presidente do PSD no Paraná, o também deputado Eduardo Sciarra.

Velho Oeste

Representantes do Oeste do Paraná na Câmara, os deputados Osmar Serraglio (PMDB) e Zeca Dirceu (PT) vêm se estranhando cada vez mais em Brasília. Nesta semana, Serraglio enviou uma carta aos 33 congressistas paranaenses criticando a conduta de Zeca. As discussões giram em torno da "paternidade" dos recursos federais para a região. No texto, o peemedebista diz que as atitudes do petista são "dignas de exame pelo Conselho de Ética".

Viaduto de mármore

Líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias tem repetido nos últimos dias o apelido de "viaduto de mármore" que deu para a obra do Contorno Norte de Maringá, avaliada em R$ 300 milhões. Não contava com o contra-ataque do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que tem dito que Alvaro esteve entre os parlamentares do estado que assinaram a emenda de bancada para a execução da obra no orçamento de 2008.

CARREGANDO :)

Entre várias derrapadas em debates eleitorais, a candidata ao governo do Distrito Federal Weslian Roriz soltou uma pérola que virou hit das eleições de 2010. "Eu quero defender toda aquela corrupção", disse ao vivo na televisão a mulher de Joaquim Roriz, que entrou na campanha às pressas porque o marido temia ser barrado pela Lei da Ficha Limpa. Ela não foi eleita, mas deixou seu recado.

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Na última quarta-feira, os votos de 265 deputados federais absolveram a filha de dona Weslian, Jaqueline Roriz (PMN), filmada recebendo dinheiro vivo do pivô do mensalão de Brasília, Durval Barbosa, durante a campanha eleitoral de 2006. Sem meias palavras, a atitude desses parlamentares só tem um significado. Eles também defendem toda aquela corrupção.

Ao longo da semana, brotaram dezenas de hipóteses absurdas para justificar o que aconteceu. O carro-chefe das explicações foi o fato de que a cena ocorreu há cinco anos, quando Jaqueline era candidata a deputada distrital – e não a federal. Ou seja, os colegas não poderiam julgá-la por um fato que, além de pretérito, não teria a ver com o atual mandato na Câmara.

Nos bastidores, também se falava que as excelências não queriam gerar um precedente. Muita gente foi convencida de que seus podres poderiam aparecer no futuro e que uma decisão precipitada contra Jaqueline deixaria aberta em definitivo a porta da cassação.

Pura balela. O julgamento da Câmara é político e não jurídico. Não é necessário seguir o que está no Código Penal e, além disso, a decisão não geraria jurisprudência.

O que estava em jogo era a moralidade de aceitar grana sabe-se lá de qual origem para fazer caixa 2 de campanha. E para 265 dos 513 deputados isso não é motivo para perda de mandato. Mas, como disse o relator do processo, Carlos Sampaio (PSDB-SP), e se aparecesse um vídeo de um parlamentar que praticou pedofilia, matou ou estuprou?

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Mesmo que seja sarcástico, não duvide da hipótese de que nesses casos muitos deputados também ficariam com medo de gerar precedentes.

Outra coisa: não era um julgamento para mandar alguém para a forca, nem para a cadeia. Era para decidir se Jaqueline tinha condições éticas e de decoro para continuar no mandato. Uma pessoa flagrada nas circunstâncias dela deve permanecer com o direito de elaborar leis, ou pior ainda, de influir no que o país deve fazer com o dinheiro público?

Todos sabemos a resposta. E gostaríamos também de saber qual foi a resposta do deputado que recebeu nosso voto em 2010. Impossível, já que a votação foi secreta e pouquíssimos tiveram a sinceridade de assumir o voto pró-absolvição.

Mas, entre toda essa obscuridade, existe alguma luz no fim do túnel. Se ainda houve 20 parlamentares que se abstiveram (o que na prática foram votos favoráveis a Jaqueline), também foram contabilizados 165 votos pela cassação. Uma minoria que representa 32% da Câmara.

É um dado expressivo. Um a cada três deputados foi, pelo menos nesse caso, intolerante com a corrupção. Grosso modo, quer dizer que se mais 19% dos eleitores capricharem um pouquinho mais no voto as coisas podem começar a mudar.

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E que ainda pode haver tempo suficiente para que o bordão de dona Weslian pare de ecoar até 2014.