Nos corredores
Serraglio e os indígenas
O deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB) foi o relator na Comissão de Constituição e Justiça da proposta que transfere do Executivo para o Congresso a competência para a definição de áreas indígenas. A aprovação do texto foi uma das derrotas em série do Planalto no que ficou conhecido como "quarta-feira negra", na semana passada. A propósito, Serraglio é vice-líder do governo na Câmara.
Vices em espera
Assim como Serraglio, o paranaense Alex Canziani (PTB) está entre os dez vice-líderes do governo na Câmara. Na semana passada, os petebistas também pregaram um susto no Planalto ao abandonarem o bloco com PCdoB e PSB para se aliarem ao PSC. Segundo Canziani, a decisão não tira o partido da base aliada de Dilma. Ele também afirmou que a decisão da presidente de trocar os líderes governistas no Senado e na Câmara, por enquanto, não afeta os vices.
Arruma um espaço aí
Na estreia da parceria entre PTB e PSC, ambos os partidos ajudaram a obstruir a pauta e a evitar a votação da Lei Geral da Copa no plenário da Câmara dos Deputados. A dupla chegou a ser cotada para assumir o lugar do PDT no Ministério do Trabalho, mas a mudança de rumo deve colocar ambos os partidos cada vez mais na geladeira de Dilma.
O governador Beto Richa (PSDB) aposta boa parte do sucesso de seu mandato em oito empréstimos que devem injetar no caixa do estado cerca de R$ 1,5 bilhão até 2014. Somados às contrapartidas, o bolo salta para R$ 3 bilhões. É dinheiro suficiente para interromper o ciclo de estagnação de investimentos públicos no Paraná.
Há um porém nessa história. Dos oito empréstimos, cinco são internacionais. O primeiro, de R$ 600 milhões, envolve o Banco Mundial (Bird) e os demais, que somam cerca de R$ 500 milhões, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O problema é que esse tipo de negociação com organismos estrangeiros precisa da autorização do Senado. E Richa não conta com nenhum aliado incondicional entre os três senadores paranaenses. Muito pelo contrário.
Ao chegarem à Casa, os pedidos vão para a análise da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Dos 27 titulares da CAE, há apenas um representante do Paraná, Roberto Requião (PMDB). Dentre o bloco PSDB/DEM, em tese os únicos parceiros certeiros do tucano Richa, apenas cinco.
Na semana passada, dois dos cinco empréstimos internacionais chegaram à última fase de tramitação no Poder Executivo, a Secretaria do Tesouro Nacional. Foram liberados US$ 67,2 milhões (R$ 122,3 milhões) para o programa Paraná Seguro e US$ 60 milhões (R$ 108 milhões) para o Família Paranaense. A coluna entrevistou Requião no plenário do Senado para saber o que ele faria quando os casos chegassem ao crivo da CAE.
"Se o destino [do empréstimo] vier revelado, se for uma coisa razoável que a gente possa acompanhar, não tenho nenhuma hesitação em aprová-lo. Agora, se for dinheiro para ser gasto em qualquer coisa, eu voto contra", disse Requião. Para completar, afirmou que "não suporta" Richa, a quem considera "superficial".
Logo depois, foi a vez de conversar com Alvaro Dias, que não é membro da CAE, mas é líder do PSDB e um dos nomes com maior poder de mobilização no Congresso. Alvaro fez questão de lembrar que o Senado acabou de fazer uma "concessão" ao Paraná, referindo-se ao fim da multa, em 2010, que envolvia o processo de privatização do Banestado. A penalidade, extinta graças ao empenho do ex-senador Osmar Dias (PDT), deixava o estado inadimplente perante a União e sem possibilidade de contrair empréstimos.
Por outro lado, Alvaro lembra que a aprovação desse tipo de proposta é "rotina" no Senado. Mas há pelo menos uma exceção bem paranaense, que envolveu diretamente Requião e Osmar. Em 1997, os dois fizeram uma dobradinha e conseguiram protelar por 536 dias pedidos de empréstimo de R$ 456 milhões (valores da época) feitos pelo então governador Jaime Lerner para projetos em educação, saneamento (ParanáSan) e agricultura (Paraná 12 Meses).
Requião e Osmar queriam, em troca, informações sobre a saúde financeira do estado e, principalmente, dados do acordo para instalação das montadoras Chrysler e Renault na região metropolitana de Curitiba. Agora, com Richa, Requião bate novamente na tecla da transparência. Quer saber para onde exatamente vai o dinheiro.
Em princípio, o governador não terá dificuldades de explicar o Paraná Seguro, por exemplo, é o carro-chefe do seu programa para a segurança. A questão é em quanto tempo. Se os empréstimos demorarem dois anos para sair, lá se vai quase todo mandato.
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