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Nos corredores

Na paz com Guerra

O presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, reuniu-se ontem em Brasília com presidente nacional do partido, o senador Sérgio Guerra (PE). Exibiu um panorama "pacífico" da disputa interna do partido para as eleições ao governo do Paraná, em 2010, e negou rusgas entre Alvaro Dias e Beto Richa. Em troca, ouviu a promessa de que todas as decisões sobre candidaturas serão baseadas em pesquisas.

TV Requião

Rossoni esteve no Senado pela manhã para participar da sessão solene que celebrou os 15 anos do Plano Real. Ao mesmo tempo, acompanhou relatos de ataques de Requião a Beto Richa na Escola de Governo. "Eu tenho uma boa sugestão para o Requião quando sair do governo: comprar uma televisão. O problema é que ele não sabe fazer a programação dar audiência."

Surpresa

Alvaro Dias ficou surpreso com a presença de Rossoni e do deputado estadual Ademar Traiano, também do PSDB, na solenidade. O senador ressaltou que qualquer rusga com Richa, motivada pelo escândalo dos dissidentes do PRTB, está superada. Segundo ele, os problemas acabaram após uma conversa com o prefeito. Se ela não tivesse ocorrido, porém, ele já tinha em mãos uma interpelação judicial para esclarecer o caso.

O plenário do Senado deve aprovar entre hoje e amanhã a redação final de um projeto que relembra uma curiosa dobradinha entre Osmar Dias (PDT) e Roberto Requião (PMDB). O texto que tramita há nove anos no Congresso Nacional dá transparência a todas as concessões feitas pelo poder público. A proposta atinge especialmente as concessionárias de rodovias, fantasmas de sempre do atual governador do Paraná.

O Projeto de Lei do Senado 23/2000, de autoria de Osmar, obriga a publicação de todos os contratos de concessão na imprensa oficial e internet. No caso das empresas de pedágio, há ainda a determinação de divulgar trimestralmente planilhas de custos e receitas. A ideia, louvável, é evitar que negociações escusas fiquem escondidas do cidadão.

Há quase uma década, entretanto, o foco era outro. A proposta surgiu como mais uma maneira para fustigar o então governador Jaime Lerner, que acabara de entregar as principais estradas paranaenses para a gestão privada. Na época, os senadores Requião e Osmar estavam alinhadíssimos na batalha contra Lerner, de olho na sucessão de 2002.

Crivo

Redigido por Osmar, o texto passou pelo crivo de Requião, relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, em 2001. Em seguida, foi aprovado em plenário e enviado à Câmara dos Deputados. Sofreu uma mudança, foi aprovado mais uma vez pelos senadores e agora só depende da aprovação da redação final para ser encaminhado à sanção presidencial.

Relatar o projeto foi uma das últimas ações de Requião na CCJ antes de concorrer ao Palácio Iguaçu, um ano depois. No parecer, ele destaca a argumentação do colega sobre a necessidade de aprimoramento da legislação, "a fim de que o direito do usuário possa ser resguardado e que se evite o surgimento de monopólios privados em conluios de governantes."

Eis que a ideia virou mantra. Embalado pela promessa de que acabaria ou ao menos diminuiria os preços do pedágio no Paraná, Requião venceu Alvaro Dias em 2002. Quatro anos depois, o surrado bordão foi suavizado, mas ainda assim Requião bateu Osmar e conseguiu se reeleger.

Hoje, passados seis anos e meio de governo, Requião adaptou o discurso e quer repassar as rodovias para a União. E quando nem ele mais parece acreditar na velha promessa, o projeto de Osmar enfim desencalha. Parece coisa de horóscopo: tudo ocorre exatamente quando Requião definiu Beto Richa como adversário preferencial, mesmo que a relação com Osmar ainda não seja das melhores.

Balanços

É certo que a entrada em vigor da lei não conseguirá acabar ou reduzir o pedágio, mas a exigência de publicação dos balanços entre receitas e despesas pode gerar muita munição contra as concessionárias. No fundo, a aprovação do projeto funciona como um reencontro ideológico entre Osmar e Requião em plena discussão sobre a eleição de 2010. Resta saber se é possível superar as diferenças de 2006.

Assim como as semelhanças entre os dois, elas não são poucas.

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