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Nos corredores

Ecos de 2010

Falar da eleição paranaense para o Senado, em 2010, ainda gera polêmicas entre o senador Roberto Requião (PMDB) e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Requião não deixa de se queixar da suposta parceria entre a esposa de Paulo Bernardo, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que era sua companheira de chapa, com os adversários Ricardo Barros (PP) e Gustavo Fruet, na época, filiado ao PSDB.

Arrependimento

Já Paulo Bernardo aproveita para esquentar a atual parceria com Gustavo Fruet. Perguntado sobre o impacto da disputa entre Fruet e Gleisi, em 2010, na eleição municipal de Curitiba, ele cita o sucesso do movimento "GG", pela dobradinha entre Gleisi e Gustavo para o Senado. "Eu inclusive fico imaginando se não deveria ter entrado nesse movimento nessa época. Mas eu sou disciplinado, acho ruim sair contra a decisão partidária", diz Paulo Bernardo.

*Metodologias

- Em Salvador, a pesquisa Ibope teve 602 entrevistas, entre 10 e 12 de setembro. A margem de erro é de quatro pontos porcentuais. O número de registro no TRE-BA é 142/2012.

- No Rio de Janeiro, a pesquisa Datafolha ouviu 1.086 pessoas, entre 10 e 11 de setembro. A margem de erro é de três pontos porcentuais. O número de registro no TRE-RJ é 83/2012.

- Em Curitiba, a pesquisa Ibope ouviu 805 eleitores, entre 11 e 13 de setembro. A margem de erro é de três pontos porcentuais. O registro no TRE-PR é 162/2012.

Políticos e jornalistas costumam contar a piada de que muita gente que trabalhou na CPI dos Correios voltava para casa e, ao abrir a geladeira, confundia a luz acionada pela porta com um holofote de televisão e começava a dar entrevista. Essa superexposição provocada pela investigação do mensalão, entre 2005 e 2006, catapultou em especial três jovens deputados federais. Atualmente, o baiano ACM Neto (DEM), o carioca Eduardo Paes (ex-PSDB, hoje no PMDB) e o paranaense Gustavo Fruet (ex-PSDB, hoje no PDT) são candidatos a prefeito das capitais dos seus estados.

Tudo começou quando outro deputado do Paraná, o relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB), resolveu montar uma equipe para auxiliá-lo. O peemedebista dividiu o trabalho com dois adjuntos, Paes e Maurício Rands (PT-PE), e mais sete sub-relatores. Fruet ficou com a sub-relatoria relacionada à movimentação financeira, enquanto ACM Neto apurou desvios de fundos de pensão.

Seis meses após a CPI, que embasou a ação penal em julgamento atualmente no Supremo Tribunal Federal, Paes concorreu ao governo do Rio de Janeiro pelo PSDB e fez apenas 5,5% dos votos válidos. No segundo turno, apoiou Sérgio Cabral (PMDB), que tinha como principal cabo eleitoral o então presidente Lula, a quem Paes havia chamado de "psicótico" e "chefe de quadrilha" durante as investigações do mensalão. Em 2007, Paes trocou o PSDB pelo PMDB, com o apoio de Cabral e Lula, se elegeu prefeito da capital fluminense no ano seguinte. Agora, concorre à reeleição com os mesmos padrinhos e têm 54% das intenções de voto, segundo o Datafolha*.

Herdeiro do clã Magalhães na Bahia, ACM Neto chegou dizer que daria uma "surra" em Lula, em 2008. No mesmo ano, porém, apanhou nas urnas e não chegou ao segundo turno das eleições para prefeito de Salvador. A maré virou e, quatro anos depois, ele lidera as intenções de voto, com 39%, de acordo com o Ibope*.

Fruet colheu os frutos do mensalão em 2006, quando reelegeu-se como deputado federal mais votado do Paraná. Em 2011, após desentendimentos com o PSDB local, adotou uma estratégia similar à de Paes e mudou para um partido da base governista. O raio, contudo, parece não ter caído duas vezes no mesmo lugar – Fruet está em terceiro lugar na disputa curitibana, com 16% das intenções de voto, segundo o Ibope*.

Por que a situação dele é tão diferente? ACM Neto, obviamente, não se queimou com seu eleitor tradicional porque não mudou de lado (embora tenha demonstrado arrependimento da história da surra). Já Paes migrou para um grupo político mais forte, com respaldo das máquinas estadual e federal.

Enquanto isso, Fruet saiu de um time em que não tinha o respaldo do capitão, Beto Richa, para outro em que parece não ter com quem tabelar. Entre um PT constrangido e um eleitor confuso, ficou sozinho.

O problema é que, como o futebol, política é um "esporte" coletivo. E os candidatos que se baseiam no voto de opinião são como goleiros. Podem fazer 50 milagres ao longo da partida, mas se tomarem um frango no final acabam crucificados para sempre.

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