Nos corredores
Requião: "Metrô é piada"
Prefeito de Curitiba nos anos 1980, o senador Roberto Requião (PMDB) disse na semana passada que é contra a construção do metrô em Curitiba. "Metrô no Paraná é uma piada. É um meio projeto, não tem sentido nenhum. Acho uma estupidez", disse. Requião também lamentou que o governo federal tenha sinalizado que vai colocar dinheiro no projeto.
Ratinho e o PDT
Enquanto Gustavo Fruet não anuncia qual será seu novo partido, outro pré-candidato a prefeito de Curitiba sonda o apoio do PDT. Há duas semanas, o deputado federal Ratinho Júnior (PSC) se encontrou com o presidente do partido e ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Caso Fruet não se filie à legenda, os pedetistas devem embarcar na campanha de Ratinho.
Reforma política
Membro da Comissão Especial da Reforma Política na Câmara dos Deputados, o paranaense Sandro Alex (PPS) apresentou quatro emendas ao relatório final de Henrique Fontana (PT-RS). Ele sugeriu a implantação do voto distrital misto nas eleições proporcionais, segundo turno para municípios com mais de 50 mil eleitores, fim do prazo de filiação partidária e a proibição de que pessoas eleitas para o Legislativo ocupem cargos no Executivo.
"É uma decisão inadiável. Até 2009 começaremos as obras de implantação do metrô."
A frase acima é do dia 25 de agosto de 2008. O autor: o então prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB). Quem prestou atenção na data e fez as contas percebeu que a promessa foi feita a pouco mais de um mês das eleições municipais daquele ano.
Ancorado em uma proposta que mexe com o imaginário curitibano desde os anos 1970, Beto arrebentou nas urnas e reelegeu-se com a maior votação da história da cidade. Como todos sabem, as obras não começaram em 2009. O que também não prejudicou a eleição do tucano para governador no ano passado.
Em tese, Beto passou incólume porque soube explicar que sem dinheiro federal seria impossível viabilizar um empreendimento que hoje está avaliado em R$ 2,25 bilhões. Era e continua sendo verdade (além de uma questão de justiça). A questão era que o prefeito sabia disso, mas preferiu bancar a promessa mesmo assim.
Hoje falta um pouco mais de um ano para as eleições municipais de 2012. Tudo indica que a vedete do debate será novamente o metrô. A diferença é que desta vez a obra está bem mais próxima de se transformar em realidade.
Na semana passada, o atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), chegou a um acordo com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), sobre a parceria que será feita entre os governos municipal, estadual e federal. Como era esperado, a União vai bancar a maior parte dos custos, cerca de R$ 1 bilhão. O estado ficará com R$ 300 milhões e a prefeitura vai arcar com valores entre R$ 550 milhões e R$ 700 milhões (grande parte por meio de uma parceria público-privada).
A previsão é que o acordo seja sacramentado até o dia 30 de setembro. Gleisi adiantou que o anúncio oficial será feito pela presidente Dilma Rousseff, possivelmente em uma viagem a Curitiba. Ducci complementou que, caso isso se concretize, será possível lançar o edital de licitação ainda neste ano, começar as obras em 2012 e terminá-las até 2016.
Se tudo isso estiver mesmo correto, está aberta a corrida para saber quem serão os pais ou as mães do metrô. De um lado, Beto e Ducci. Do outro, Dilma e Gleisi.
Como a ministra não será candidata no ano que vem, a tendência é que os ganhos eleitorais sejam mais facilmente capitalizados por Ducci. Filiado ao PSB, um dos poucos partidos realmente fiéis da base aliada de Dilma, o prefeito trabalha por uma campanha sem hostilidades com o PT. Ou seja, quer que todos os louros do metrô recaiam sobre ele.
Como Gustavo Fruet ainda não definiu para que lado vai (apesar de tudo indicar uma parceira com os petistas), será muito complicado compartilhar qualquer mérito com Dilma e Gleisi. E, se Beto seduziu os curitibanos em 2008 sem nenhuma garantia de que o metrô sairia, imagine Ducci com fatos na mão. Mas ainda resta uma dúvida: será que o raio cai duas vezes no mesmo lugar?
Pode parecer um raciocínio ingênuo, mas talvez as pessoas tenham tido tempo para amadurecer a ideia de que o metrô não resolverá sozinho os problemas cada vez piores do tráfego na cidade. Melhor ainda: que a obra não é um presente do governo federal, estadual ou municipal, mas um investimento pesado que sairá dos bolsos de todos nós. O fato é que, enquanto precisarmos de pais e mães para decidir o que fazer com o dinheiro público, nossa democracia continuará a pé.