As aparências, sabemos, não são confiáveis. Mostram uma coisa, mas não necessariamente querem dizer a mesma coisa.

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Tomemos o caso da eleição municipal de São Paulo, exemplo recorrente, mas expressivo por causa do caráter decisivo para o quadro político nacional. Aparentemente os petistas estão ávidos pela retirada da candidatura de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo e, aparentemente, a resistência do PMDB prejudica os planos do PT.

Aparentemente os correligionários do ainda pré-candidato Fernando Haddad fazem de tudo – até abrir mão de um ministério – para que Celso Russomanno, do PRB, desista da candidatura e, aparentemente, a resistência do partido do novo ministro da Pesca sinaliza fracasso na manobra.

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No caso da entrega da pasta ao senador Marcelo Crivella, não é apressado pensar que o gesto não tenha tido como objetivo tirar Russomanno da disputa, mas precisamente mantê-lo nela. Tenta-se matar dois coelhos: acenar com a disposição de dirimir conflitos com o eleitorado evangélico (Crivella foi eleito na condição de bispo da Igreja Universal) e, assim, entre outros benefícios, poder contar com mais uma voz no campo de batalha de ataques a José Serra, do PSDB.

Nesse cenário, atua também Gabriel Chalita, conforme mostram suas declarações iniciais. Já foi interessante para o PT a retirada dele. Hoje não é mais. Por dois fatores: um, porque nessa altura não há o que o governo possa oferecer ao PMDB para forçar um recuo que deixaria o vice-presidente numa situação periclitante, justamente no momento em que Michel Temer tenta administrar a contestação interna.

Chalita ocupou espaço no programa de TV nacional do partido, retirando de cena lideranças regionais que cederam – a contragosto – ao argumento de que a candidatura era ponto de honra do PMDB contra a hegemonia do PT. Agora vai dizer que deixou de ser? E o manifesto assinado por 70% da bancada na Câmara ao qual Temer emprestou apoio?

O outro fator que leva o PT a não mais enxergar vantagem na retirada é o reforço que Chalita dará no primeiro turno ao contingente de combate à aliança Serra/Gilberto Kassab. Por motivos diversos, os interesses convergem e atendem às circunstâncias.

Sempre se pode argumentar que a desistência dos candidatos da base nacional do governo – PMDB, PRB e até o PCdoB de Netinho de Paula – daria ao PT um tempo de televisão no horário eleitoral obrigatório (não gratuito, pois custam milhões em renúncia fiscal) mais confortável. Em termos. Se seguirem a mesma linha de discurso, a divisão dos fatores não altera o resultado, pois todos os programas serão direcionados contra o mesmo alvo. Com a vantagem adicional de tornar remota a hipótese de uma vitória do PSDB no primeiro turno e a união das tropas no segundo.

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Barrados

A lista de políticos atingidos pela Lei da Ficha Limpa organizada pelo site Congresso em Foco já tem mais de 30 nomes relacionados. Há gente conhecida como Severino Cavalcanti, que não poderá concorrer à reeleição para a prefeitura de João Alfredo (PE) porque renunciou ao mandato de deputado quando era presidente da Câmara, para evitar processo de cassação por quebra de decoro. Foi acusado de receber propina na época em que ocupava a primeira-secretária.

Na listagem constam cinco ex-governadores, dois ex-prefeitos, quatro ex-presidentes de assembleias legislativas e três ex-senadores. Os deputados e ex-deputados são os campeões da ficha suja: 18.

A conferir

Pelo andar da carruagem conduzida por petistas que já reclamam uso mais eficaz da máquina federal em favor de Fernando Haddad, a presidente Dilma ainda acabará sendo apontada como responsável caso a candidatura à prefeitura de São Paulo não deslanche. Mais fácil que responsabilizar Lula pela escolha, se vier a se revelar equivocada.

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