O ministro do Desen­­volvimento, Indústria e Comércio Exterior chega ao fim da semana mais enrolado do que quando começou a se explicar sobre suas atividades como consultor no período entre o fim da gestão como prefeito de Belo Horizonte e a eleição de Dilma Rousseff.

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Sobre o caso Fernando Pi­­men­­tel incidem basicamente duas dúvidas: se houve tráfico de influên­­cia e qual a natureza precisa dos serviços prestados em consultoria.

Até agora nenhuma delas foi dirimida. Ao contrário: quanto mais o tempo passa, quanto mais se fala, mais aparecem novos aspectos, mais se complica a situação do ministro que à primeira vista não parecia assim tão complicada.

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Hoje, a avaliação no governo e nos partidos aliados é a de que o cenário da fragilização de Pimentel está irremediavelmente posto. Alvo da desconfiança de ter sido favorecido e de ter favorecido em­­­presários, perdeu as cordas vocais para atuar como interlocutor desse setor.

O fato de o governo ter orientado sua base parlamentar a rejeitar convocação do ministro para falar na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara não ajudou a desanuviar o ambiente. Aqui, de novo, deu-se o oposto: alimentou-se a impressão de que o caso de Pimentel guarda desconfortável semelhança com o de Antônio Palocci.

O então chefe da Casa Civil re­­­sis­­­tiu por 23 dias sem informar o nome dos clientes, sendo protegido de todas as formas pela base governista. O titular do Desenvol­­­­vimento disse logo de início quem eram alguns de seus clientes, mas a julgar pelos detalhes que vão sendo revelados ao ritmo de conta-gotas, contou da missa menos da metade.

Se é verdade que desde o primeiro momento a presidente recomendou ao amigo transparência absoluta, não foi atendida.

Pego no exercício da meia-verdade, Fernando Pimentel deu início ao processo de sangramento. Sobre o destino dele existem duas versões. A mais fraca delas reza que estaria a salvo pelo fato de ser muito próximo à presidente, um nome – dos únicos, talvez o único – bancado por ela na composição do Ministério.

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A mais forte estima que exatamente por ser amigo de Dilma é que Pimentel tomará a iniciativa de sair tão logo chegue à conclusão de que já não dispõe de credenciais políticas e administrativas para continuar no cargo.

Não se deixaria crucificar por muito tempo em público porque, diferentemente de alguém como Carlos Lupi, tem uma reputação a zelar. Tem o que perder ficando além do aconselhável para si e para a própria presidente.

Nesse caso, a proximidade com Dilma funcionaria contra e não a favor da permanência.

Na encolha

Chama atenção nas hostes governistas e oposicionistas o silêncio do senador Aécio Neves sobre a crise ética que assola o governo e põe a presidente da República na contingência de se livrar de ministros praticamente à razão de um por mês, se considerarmos que a série foi aberta em maio por Antônio Palocci.

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Em relação a Fernando Pimentel a explicação estaria na relação política que os dois construíram quando eram, respectivamente, prefeito de Belo Ho­­­rizonte e governador de Minas Gerais.

Mas, para quem no início da legislatura apresentou-se em discurso no Senado como o principal líder da oposição, a ausência de Aécio no embate – notadamente da tribuna que em tese serviria para dar densidade à postulação da candidatura a presidente em 2014 – causa estranheza.

Paralisante

Diagnóstico de ex-ministro, integrante do governo Lula: a paralisia da máquina administrativa deve-se às sucessivas crises nos ministérios, mas deve-se principalmente ao temperamento da presidente Dilma Rousseff que inibe a atuação dos ministros.

Na Esplanada é geral o medo de falar e visível o temor de agir para não desagradar à chefia.

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No Twitter

@sandrovaia: "E que tal um controle social das consultorias petistas?"