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Anunciado desde o início do ano como o escolhido de Lula para tentar tirar a prefeitura de São Paulo da área de influência do PSDB e assim iniciar uma ofensiva – a ser concluída na eleição estadual de 2014 – sobre a mais importante cidadela da oposição, Fernando Haddad continua sendo uma incógnita.

Estacionado no patamar de 3% das intenções de voto a menos de dois meses do início oficial da campanha e a cinco da hora fatal, nem ele sabe direito o que pode acontecer nessa disputa considerada "um passeio" pelo PT antes da decisão dos tucanos de entrarem no jogo com José Serra.

Espera, evidentemente, que aconteça o melhor. A conquista de uma vaga no segundo turno sustentada nos seguintes pressupostos: a entrada de Lula na campanha, a alta avaliação negativa do prefeito Gilberto Kassab, a fadiga do material tucano, o fator "novidade", a força política do PT, a influência do partido na periferia assegurada por declarações de apoio da senadora Marta Suplicy no horário eleitoral e uma aguardada adesão de notáveis tradicionalmente ligados ao PSDB, mas agastados com Serra.

O trunfo principal, claro, é Lula, cujo peso na sedução do eleitorado seria de oito numa hipotética escala de zero a dez, segundo avaliação do candidato feita a assessores.

Haddad entra com o perfil de moço bom, bem educado, estudado (formação em Direito, Economia e Filosofia), jovem (49 anos), finíssima estampa, um discurso de mudança – sustentado na ideia força de que São Paulo não "brilhou" como "brilhou" o Brasil nos últimos nove anos – e a direção de cena assinada por João Santana.

Traquejo político Fernando Haddad não tem. Vê-se logo que não é um profissional do ramo e ainda não adquiriu fluência no desenvolvimento do tema. Não necessariamente um defeito, antes uma característica.

A isso seus aliados contrapõem os argumentos de que Dilma tampouco exibe tais atributos e, considerando a imagem da "categoria" junto à opinião pública, quem sabe pode vir até a contar como vantagem.

Ademais, tal expertise Lula tem de sobra. Tanto que a grande expectativa de "mexida" nos índices está concentrada na participação do ex-presidente nas inserções de televisão a que o PT terá direito já nesta semana.

São três "spots", todos presumidamente estrelados pelo ex-presidente. Só e/ou na companhia do candidato. O desafio, nessa primeira operação de exposição, será fazer o eleitor estabelecer a ligação Lula-Haddad e interpretá-la como benefício para a cidade.

A conexão é um fator determinante na visão da campanha petista, mas há outros pontos considerados investimentos essenciais: alianças partidárias com vistas ao tempo de propaganda na televisão, plano de governo e estratégia para capitalizar a insatisfação do eleitorado com o campo adversário.

E por inimigo leia-se o PSDB. Mesmo a campanha petista partindo do princípio de que Serra estará na final e, portanto, havendo só uma vaga em disputa, a ideia não é brigar com nenhum dos outros candidatos.

Primeiro porque a maioria não é considerada ameaçadora, mesmo alguns com índices bem melhores que Haddad nas pesquisas, mas vistos como concorrentes de voo curto.

A segunda razão está num pacto não escrito entre os candidatos de partidos da base governista no plano nacional, de não agressão mútua e concentração dos ataques em José Serra.

Passando para o segundo turno, Fernando Haddad tem como certo um cenário de todos contra um. Reside aí o sentimento de que uma vitória é perfeitamente possível apesar dos pesares iniciais tidos como naturais na perspectiva de uma candidatura desconhecida do grande público.

O petista até tem ouvido de analistas de pesquisa que a eleição está ganha. Verdade que os especialistas em questão têm preferência por ele. Haddad gosta de ouvir isso, mas o fato de ser estreante não faz dele um crédulo.

Prefere ver as coisas assim: diante do adversário forte, se perder não fará feio e se ganhar terá entrado na política já na tribuna de honra.

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