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O PSDB queimou a largada rumo ao exercício da "oposição mais vigorosa que o Brasil já assistiu", conforme palavras de Aécio Neves em seu discurso de terça-feira, da tribuna do Senado. Por mais razões táticas e estratégicas que o partido possa ter tido para se acertar com o PT a fim de evitar a convocação na CPI da Petrobras de políticos e empresários citados nos depoimentos dos acordos de delação premiada de Paulo Roberto da Costa e Alberto Youssef, a imagem que fica para o público é a de que, na hora do vamos ver, as onças se acomodam e bebem água no mesmo riacho.

Melhor dizendo, sem metáforas: a oposição discursa cobrando investigação, mas quando há o risco de que os seus sejam envolvidos dá o dito por não dito e embarca na operação abafa. É assim que o episódio será entendido. Como se sabe, na política as coisas que precisam ser muito explicadas já começam mal paradas. É a razão pela qual o PT opera pelo método da simplificação e na maioria das vezes consegue emplacar a sua versão. Trabalha com a "quase" lógica, enquanto o PSDB insiste na lógica plena.

No caso da CPI da Petrobras, a julgar pelos argumentos apresentados, os tucanos raciocinaram que não valeria a pena convocar nenhum dos citados nos acordos de delação premiada antes que os depoimentos estivessem liberados do segredo de Justiça, porque eles alegariam desconhecimento dos fatos, uma vez que não teriam validade judicial e ficaria tudo por isso mesmo. De onde melhor seria criar uma nova CPI em 2015. Poderia até ser, não fosse a força do fator "mulher de César". É preciso ter, mas, sobretudo, transparecer confiabilidade. Ainda mais quando a comunicação é como a atual – de massa. A partir do momento em que o senador Aécio Neves condiciona a abertura de diálogo com o governo ao aprofundamento das investigações sobre as transações na Petrobras, o partido dele está impedido de fazer quaisquer acordos com o PT.

Pelo simples fato de que não será bem entendido. Como explicar que o diálogo às claras está condicionado ao aprofundamento das investigações e, ao mesmo tempo, aceitar no escuro uma conversa que leva à interrupção do prosseguimento natural dos trabalhos da CPI? Fica no mínimo esquisito. O PSDB já havia padecido desse mal quando, em 2005, por ocasião da CPI dos Correios, não teve uma posição contundente quando se descobriu que o então presidente do partido, Eduardo Azeredo, usara o esquema de Marcos Valério na tentativa de se reeleger em 1998. Os tucanos arrefeceram os ânimos e pagam o preço até hoje.

Cobrado pelo mesmo PT com o qual fizeram agora um acordo de "melação" premiada para evitar as convocações de João Vaccari Neto, Gleisi Hoffmann e Leonardo Meirelles que, segundo consta, poderia implicar tucanos. É de se perguntar se tática e estratégica justificam ou se há algo mesmo a ser escondido e que não pode ser dito. Os 51 milhões decerto esperam dos "45" uma boa, sucinta e rápida explicação.

Pior a emenda

O vice-presidente Michel Temer tenta desanuviar o clima nebuloso no PMDB na Câmara armado sob a liderança do deputado Eduardo Cunha, candidato à presidência da Casa. Temer teve com o deputado uma longa (não necessariamente produtiva) conversa na terça-feira.

Conforme noticiado, apelou para que Cunha não se apresentasse como candidato de oposição. Obteve o disfarce. O deputado saiu dizendo que representa a independência do Congresso. Piorou, porque o discurso dificulta a vida do Planalto. Agrada ao Congresso como um todo: soa como música tanto aos ouvidos da oposição quanto aos partidos ditos de situação. Temer fica entre a cruz e a caldeirinha, pois não pode se contrapor ao governo, muito menos virar as costas ao partido.

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