Nada até agora transpirou sobre a reforma do ministério esperada para janeiro. Por um motivo básico: não haverá reforma alguma na equipe da presidente Dilma Rousseff. Em entrevista no fim do ano, perguntada sobre o tema, ela disse que haveria surpresa.
Pois recolham os cavalos da chuva os que interpretaram a fala como sinal de mudanças substanciais à vista. A surpresa deve ser justamente a ausência delas.
Não haverá redução de pastas até fusões de ministérios podem ser revistas , não serão reformulados os critérios para o preenchimento de cargos, os partidos aliados não perderão nem ganharão espaços e gente que estava cotada para sair já começa a ser considerada para ficar.
Por exemplo, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda. Auxiliares de Dilma não têm percebido a "presidenta particularmente interessada em tirá-la do ministério".
Outro exemplo, o ministro das Cidades, Mário Negromonte. Envolvido em denúncias de alteração de pareceres técnicos em obras para a Copa do Mundo e acusado por gente do próprio partido (PP) de patrocinar um "mensalinho" na bancada em troca de apoio político, já é visto como sobrevivente. "Passou o vendaval", argumenta-se.
A reforma, então, estaria resumida a três nomeações e uma complicação. Seriam substituídos os dois ministros candidatos a eleições municipais Fernando Haddad, da Educação, e Iriny Lopes, da Secretaria de Política para Mulheres e Paulo Roberto Pinto que ocupa a pasta do Trabalho desde a saída de Carlos Lupi.
A complicação está na substituição de Haddad, razão pela qual a presidente pediu que ficasse mais um pouco no cargo. Pelo seguinte: como o substituto é Aloizio Mercadante, falta resolver quem ficará no lugar dele no Ministério da Ciência e Tecnologia.
O lugar é reivindicado pelo PSB (ocupante da pasta durante os dois governos Lula) e pelo PT, que não pretende abrir mão. A ideia é entregar o ministério para o deputado Newton Lima, a fim de abrir vaga para o suplente José Genoíno, ou para Marta Suplicy, com o objetivo de incentivá-la a se empenhar na campanha de Haddad a prefeito de São Paulo.
Nesse momento em que o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, do PSB, está na berlinda, é tão complicado premiar o partido quanto ignorar um pleito do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, promessa eleitoral cortejada por partidos de governo e de oposição.
Daí a demora no anúncio.
A reforma tal como era esperada virou pó. Argumenta-se no Planalto que imprensa e partidos superestimaram a amplitude das mudanças. Ocorre que nem imprensa nem partidos trabalham no vazio. O governo durante algum tempo alimentou a versão da remodelação do governo à feição de Dilma Rousseff.
As circunstâncias é que mudaram. A principal, a troca de sete ministros nos últimos sete meses de 2011, impossibilitando substituições em tão pouco tempo. Alterou-se também a visão de que seria possível mudar o conceito da coalizão, reduzindo o número de ministérios e profissionalizando as regras de funcionamento.
Por duas razões. Uma evidente, a avaliação de que um governo político não poderia se arriscar a comprar uma briga desse tamanho com os políticos.
Outra subjacente: diz respeito ao compromisso de Dilma com Lula. Mudar muito equivaleria a dizer que durante oito anos ele fez tudo errado. E por mais diferente que seja seu estilo em relação ao antecessor, Dilma seria a última a renegar a herança de Lula, o dono do projeto político que a fez presidente.
Itararé
De onde menos se espera é que não sai nada mesmo, reza o dito que se aplica ao depoimento do ministro Fernando Bezerra, hoje, à comissão especial do Congresso. Na prática, mera simulação.
São três ou quatro oposicionistas contra 20 parlamentares governistas orientados a proteger o ministro com muitos elogios e ataques aos críticos de sua atuação de privilégios a parentes e concentração de verbas no estado (PE) de origem.
Com a colaboração do PSDB, cuja orientação é pegar leve com o afilhado de Eduardo Campos.
Moraes retira sigilo de inquérito que indiciou Bolsonaro e mais 36
Juristas dizem ao STF que mudança no Marco Civil da Internet deveria partir do Congresso
Idade mínima para militares é insuficiente e benefício integral tem de acabar, diz CLP
Processo contra van Hattem é “perseguição política”, diz Procuradoria da Câmara
Deixe sua opinião