Em 2017 a tecnologia vai continuar a bagunçar mercados até então intocados, a indústria vai ser seriamente afetada, a concorrência irá se acirrar, o poder se tornará mais líquido, os produtos e serviços locais tenderão a ser mais valorizados e os eventos inusitados deverão ser mais frequentes, ampliando a sensação de incerteza num mundo rápido demais para se acompanhar em toda a sua complexidade.
Para uma realidade com essas características, são necessárias habilidades que até pouco tempo eram pouco levadas em consideração e que permitem estabelecer estratégias úteis para a atuação nesse cenário de contínua transformação.
A primeira delas é saber atuar em redes de solidariedade e confiança. Como já foi descrito na coluna da semana passada a natureza do poder não é a mesma do que era no século XX. Hoje tudo é mais fluído. Isso leva-o a escorregar com desenvoltura pelas mãos dos mais diversos atores da vida pública e torna mais complexa a forma de retê-lo no tempo. Redes formadas por indivíduos ou associações, conectadas por meio de tecnologia, terão cada vez mais êxito em se apropriar, ainda que temporariamente, do poder.
Apesar da natureza circunstancial, isso traz oportunidades reais de transformação da realidade. A “moeda” que irá permitir a formação dessas redes é a credibilidade, a empatia e a comunicação conciliatória, que permita o reconhecimento de uma pauta de interesses comuns.
A segunda habilidade chave é a capacidade de ser resiliente para se adaptar às condições adversas. O ambiente de grande incerteza requer pessoas prontas para reavaliar situações, pensar soluções para problemas recombinando ideias de áreas completamente distintas, a fim de criar novas abordagens. De nada vale se conformar na rigidez, ser intransigente, e ser sufocado por não permitir a construção de caminhos para a superação de situações de extremas incerteza.
A terceira é desenvolver a capacidade de estar aberto ao novo e ao aprendizado rápido e constante. O avanço da indústria 4.0 – aquela de uso massivo de tecnologia de informação – vai trazer ganhos de produtividade de tal ordem para os países desenvolvidos que deve abalar substancialmente uma série de mercados até então intocados pela inovação. Sem a absorção ágil de novos conhecimentos o impacto sobre as carreiras e a economia brasileira será pesado demais.
Por fim, há também um conjunto de habilidades que permite desenvolver estratégias para explorar a economia criativa local. Há uma tendência de valorização da territorialidade e isso pode ser aproveitado sob diversos aspectos para construir produtos e serviços de relevância global.
Portanto, são competências de elevada relevância desenvolver o senso criativo, ser capaz de construir narrativas originais e verdadeiras sobre a cena criativa de um território e articular os atores interessados em gerar riquezas a partir disso.
O mundo de 2017 requer conhecimentos que a escola tradicional não proporciona com desenvoltura. As estratégias para fluir nessa nova realidade dependem muito dessas habilidades pouco ensinadas, assim como de uma ética de compartilhamento, doação, abertura e confiança.
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