Se a educação brasileira quer dar saltos de qualidade nos próximos anos e preparar o país para a competição global, o modelo de ensino terá de se inspirar nas disciplinas e na ética Steam Punk. Mas calma. Não se está aqui dizendo que é preciso seguir a visão retrofuturista do gênero literário steampunk, em que fantasia, tecnologia e estética são inspiradas no maquinário industrial da era do vapor, do século 19.
A aprendizagem destes tempos hipermodernos vai ter de encontrar seu caminho na introdução de disciplinas que são conhecidas nos Estados Unidos pelo acrônimo Steam (Science, Technology, Engineering, Arts e Math).
Em texto publicado no Mashable, a especialista em tecnologia Jeana Lee Tahnk afirma que há alguns anos o foco em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (Stem) e, mais recentemente, também em artes (Steam), tem produzido grande impacto no aprendizado das crianças e na forma como elas aprendem. Para a especialista, os conceitos provenientes do estudo das disciplinas que compõem o Steam serão essenciais para que as crianças que estão hoje no sistema de ensino norte-americano tenham sucesso na participação do mercado de trabalho.
De acordo com um relatório do Escritório de Estatísticas de Trabalho dos Estados Unidos, serão gerados 9 milhões de empregos entre 2012 e 2022 que têm como requisito conhecimentos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Já estudo da Global Stem Alliance prevê que, em 2018, 75% de todos os empregos norte-americanos estarão concentrados nessas áreas. Portanto, nada mais natural que a formação escolar apresente desde cedo abordagens que familiarizem conceitos e modelos mentais de disciplinas que requerem muito estudo e dedicação para o desenvolvimento de expertise.
Não há razão para que desde os primeiros anos escolares evite-se o ensino dessas áreas. É possível uso de um sem número de materiais didáticos e jogos que possibilitem o desenvolvimento dessas habilidades. Impressoras 3D e recursos de programação de computadores são grandes aliados para essa revolução educacional.
Se você já entendeu a parte do argumento do por que o destino da educação é Steam, falta explicar o motivo pelo qual a coisa ficou punk. O mais relevante da cultura punk não está na moda ou na música, mas em algo que marca os dias atuais e certamente marcará o futuro próximo – o senso de autonomia, pautado no lema do “faça-você-mesmo”.
Educar já não significa mais colocar um professor para expor um conteúdo enquanto alunos assimilam passivamente o que ele diz (se é que isso um dia funcionou bem). Google, redes sociais e celulares mudaram completamente a lógica da aprendizagem. E se você for professor e ainda não percebeu isso pode mudar de profissão. Cada vez mais o papel central da educação será o de posicionar o estudante no papel de “construtor experimental de conhecimentos”, desenvolvendo habilidades para abordar problemas e propondo soluções criativas para desafios de aprendizado.
O futuro da educação está no Steam Punk. É urgente introduzir disciplinas fortemente conectadas ao desenvolvimento de habilidades de ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática. Sempre a partir de uma abordagem centrada na construção prática de conhecimentos pelo estudante. Isso, é claro, se o objetivo for valorizar a educação como forma de preparar cidadãos ricos em experiências educacionais, aptos ao trabalho criativo.
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