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E se fosse o Sarney? 1

Imagine que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ou mesmo o mais antigo senador no cargo, José Sarney (PMDB-AP), saíssem de férias e as interrompessem para cumprir "agenda oficial". Sem ao menos pestanejar, um sem número de críticas certamente emergiriam em redes sociais. Agora, imagine que quem fez isso foi o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. Qual seria a repercussão?

E se fosse o Sarney? 2

Muito branda, pode-se afirmar agora, com o fato consumado. Joaquim Barbosa goza de prestígio perante a população a ponto de ter sido propagado um mito pelos usuários brasileiros do Facebook, a respeito do julgamento do mensalão: "meu herói é negro e veste capa". Como a realidade não é um conto de fadas, a cada dia que passa a mitologia sobre o presidente do STF, Joaquim Barbosa, se desconstrói. O ministro acredita que é bobagem discutir sobre as diárias pagas com dinheiro do contribuinte para a viagem que está fazendo na Europa. O que você pensa a respeito disso?

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Em algum momento próximo do carnaval, nas redondezas da estação de metrô Armênia, uma casa de 500 m² vai abrigar um "laboratório hacker" em São Paulo. Será o primeiro laboratório de tecnologia e política criado pela sociedade. Atualmente há apenas uma única iniciativa semelhante sendo implantada, em Brasília, pela Câmara dos Deputados, algo a dar inveja para qualquer Poder Legislativo que se intitule "transparente".

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Em um dos espaços irá funcionar um laboratório voltado para a transparência pública. A ideia é focar em coleta e análise de dados em páginas de órgãos públicos, em resumo, aliar política e tecnologia em favor da sociedade. É o espaço ideal para desenvolvedores, ativistas, designers e jornalistas produzirem juntos ferramentas para fiscalização do poder público e para atuação política auxiliada por novas tecnologias.

O segundo andar da casa será dedicado a disseminar conhecimentos úteis para a atividade dos "hackers". "Trabalharemos em duas vertentes básicas. De um lado, faremos oficinas de política para desenvolvedores de aplicativos e outros profissionais que entendem de tecnologia. E de outro, ofereceremos oficinas de tecnologia para quem vem da área das ciências sociais", afirma um dos idealizadores do laboratório, Pedro Markun, do Transparência Hacker.

A comunidade Transparência Hacker existe há cerca de cinco anos e é responsável por ações importantes na área de fiscalização pública e pela criação do ônibus hacker que já rodou o Brasil disseminando práticas para reduzir a caixa-preta do poder público. Markun avalia que o momento é propício. "Depois das manifestações de junho muita gente ficou interessada em participar de discussões políticas sobre a cidade, mas sem ter muito como fazer e por onde começar." E o Transparência Hacker está ativo desde 2009, o que dá um histórico de cinco anos de experiência na área de política e tecnologia.

A história do grupo é curiosa. Alguns dos integrantes do Transparência Hacker acabaram sendo recrutados por setores da administração pública que passaram a se preocupar com o uso de tecnologia para a transparência das instituições. Por assim dizer, "há 'hackers' dentro dos governos. Alguns dos membros da comunidade acabaram assumindo postos em Brasília e na gestão Haddad, em São Paulo. "Aos poucos alguns políticos foram sensibilizados, conseguimos incluir na pauta do governo", explica Markun. "Mas aí veio o problema – o governo não sabia nada de nada, não sabia como fazer. Ao longo dos últimos anos começou-se a construir essa cultura [de transparência e dados abertos] dentro dos governos."

Disso resulta que a ideia de abrir os bancos de dados públicos para uso da sociedade vem sendo trabalhada tanto por cidadãos que nada têm a ver com partidos, quanto por pessoas que ingressaram na administração pública para ajudar nesse processo de abertura.

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A evolução das atividades do Transparência Hacker na construção de uma cultura pública de transparência traz algumas lições. Se você foi para a rua e não viu a mudança, é porque ela vai ocorrer somente por meio do desenvolvimento de um trabalho duradouro. E o melhor meio para isso é se informando, desenvolvendo habilidades técnicas e intelectuais que permitam compreender como funciona o jogo político e como é possível jogá-lo. Dentro ou fora dos partidos.

Férias: O colunista entra em férias e retorna no dia 21.

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