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Nomes de ruas 1
A Câmara Municipal de Curitiba começa a discutir projeto que vai acabar com a competência dos vereadores de dar nomes às ruas. Pela proposta, essa tarefa deve ficar a cargo da prefeitura. É curioso saber que, conforme a justificativa do projeto, os nomes de ruas são usados para faturar votos com admiradores dos homenageados. Pode não parecer, mas, caso o projeto seja aprovado, a Câmara estará dando um passo, ainda que tímido, na modernização da Casa.
Nomes de ruas 2
Falta muito ainda para o Legislativo curitibano entrar nos eixos. Além de acabar com os projetos de nomes de ruas, os vereadores poderiam acabar com as propostas de homenagens a cidadãos. Não faz sentido ficar rotulando que alguns cidadãos são mais honrados que outros. Poderiam também deixar de lado o discurso evasivo e ampliar a transparência, individualizando salários de todos os servidores e demais despesas da Casa. Poderiam ainda ampliar os canais de participação, especialmente no que se refere às discussões do orçamento público. Que passos maiores e mais ousados pode a Câmara dar? Qual a sua opinião?
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Até pouco tempo achava-se que os jovens não eram politizados, nem estavam dispostos a participar das discussões públicas. O cenário mudou. Hoje os jovens não só gostam de política como discutem intensamente assuntos da política nas redes sociais, nas organizações não governamentais e nas ruas. Eles não negam a política, mas recusam o modelo dos partidos tradicionais, hierárquicos, verticalizados e dominados por caciques regionais.
Há grupos engajados na política partidária e há extremistas antidemocráticos, mas a maioria dos jovens ergue mesmo a bandeira do apartidarismo. Nos protestos de junho, a grande parte dos manifestantes rejeitou que militâncias de direita e de esquerda levantassem bandeiras partidárias nas ruas. A tendência de fazer política sem conexão partidária esteve também evidenciada no início do ano, quando uma pesquisa do Ibope realizada em dezembro de 2012 mostrou que 61% dos brasileiros não têm preferência partidária. A crise de representatividade dos partidos, portanto, está comprovada pelas estatísticas e pelos fatos.
Também pudera. As legendas passaram pelo menos duas décadas sem se preocupar em manter o compasso com a sociedade. Os partidos, que já possuem monopólio da representação política, pouco mexeram nas suas estruturas para evitar a concentração de poder nas mãos de parcas lideranças. Não bastasse isso, a perpetuação de famílias no comando das cúpulas partidárias é mais uma das barreiras de entrada de novos quadros. Eles não fizeram nada, ou muito pouco, para se tornar uma opção interessante de atuação na política para o público jovem. Esse engessamento levou as legendas a se descolarem da juventude, mas abriu um campo de oportunidades.
O ressurgimento do debate político, decorrente do boom comunicativo atual, traz novas possibilidades para as legendas, empreendedores, pesquisadores e, acima de tudo, para os jovens. Novos arranjos partidários que eliminem sistemas hierárquicos e verticalizados, novas ferramentas sociais que estimulem o debate democrático, novas tecnologias de aprendizado baseadas em vídeos, jogos e aplicativos. Há muito espaço para inovação, para o empoderamento das pessoas e para elevar a qualidade da democracia.
Esse ressurgimento, entretanto, está ameaçado. Sempre há o risco de tudo acabar em estagnação, ou, pior, em regressão. Contra o otimismo dos novos tempos vale lembrar do triste desfecho da primavera árabe no Egito. Os militares recentemente tomaram o poder do presidente eleito Hosni Mubarak e, nesta semana, massacraram centenas de muçulmanos que protestavam contra o golpe.
O episódio é emblemático e mostra que de nada adianta ter a posse de ferramentas que permitam a interação social e a vontade de participar das discussões dos assuntos públicos, se não houver uma cultura de tolerância ao pensamento divergente e respeito aos ideais democráticos. Os acontecimentos do Egito servem de alerta para que a oportunidade que se apresenta, de arquitetar uma sociedade mais politizada, não seja perdida.
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