Você acorda com o tapete tocando cada vez mais alto a música predileta. Ao pisar nele, o volume reduz e uma voz (com o timbre que você escolheu) te avisa como está o tempo, a temperatura, o trânsito. Lembra também que tem duas reuniões pela manhã e lhe aconselha a consumir menos gordura – sua pressão está alta (é o que dizem seus pés ao tapete). Pega um táxi sem motorista para ir ao serviço. Trânsito ruim, aproveita para jogar inglês com colegas de outros lugares do mundo. Com 2020 pontos, está prestes a se graduar na turma executiva. Antes de sair do táxi lembra de programar seu forno para que, a partir das 19h, comece a assar o pernil que irá servir à noite a seus convidados no jantar (o qual você deixou devidamente temperado e bem acondicionado dentro dele).

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Esse é um exercício hipotético e pouco imaginativo do melhor que está por vir. Ao mundo da política há duas alternativas. Ignorar por completo as transformações em todos os aspectos de nossas vidas e aceitar que seremos todos meros consumidores de inovações. A segunda alternativa é mais legal. Descer ladeira abaixo, empregando uma energia descomunal para criar arranjos educativos e produtivos que façam emergir novos negócios e negócios tradicionais completamente remodelados, todos fortemente conectados com a 4.ª Revolução Industrial.

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Agora mesmo um sem número de possibilidades se abre. Essa revolução começa a despontar silenciosamente, mas em poucos anos vai transformar o mundo que a gente vive, assim como a forma como interagimos, nos comportamos e consumimos. Vai bagunçar todos mercados – dos mais sofisticados aos mais rústicos e (até o momento) menos dependentes de base tecnológica. Irá varrer da face da Terra empresas que ignorarem por completo os processos de inovação. A tendência, aliás, é que a inovação seja o novo normal – constantemente alterando os modos de produção, criação e desenvolvimento de novos produtos e serviços, a forma como aprendemos e nos divertimos.

Essa transformação será possível porque estão emergindo numa velocidade sem precedentes novas tecnologias – como inteligência artificial, robótica, internet das coisas, veículos autônomos, impressoras 3D, nanotecnologia, biotecnologia, entre outras inovações. Elas vão se fundindo e estabelecendo conexões entre as realidades física, digital e biológica. Na recém lançada obra A 4.ª Revolução Industrial, o economista e engenheiro alemão Klaus Schwab trata do impacto que esse novo momento trará para a economia, os negócios, as relações entre os países, a sociedade e os indivíduos.

Schwab aponta três razões para diferenciar esse momento de transformações agudas. A primeira, a velocidade. O ritmo de evolução é exponencial em vez de linear ,como foi em outras revoluções. As novas tecnologias geram tecnologias ainda mais novas e mais sofisticadas. A segunda, ele se baseia na revolução digital, combinando várias tecnologias e alterando paradigmas em todas as dimensões da vida humana. E, por fim, tem impacto sistêmico dentro, fora e entre países.

Mas um se há uma área em que política falha miseravelmente é a de estabelecer um planejamento que aproveite janelas de oportunidades abertas pelas novas tecnologias. Isso não significa, entretanto, que seja um destino perpétuo permanecer cometendo os mesmos erros.