Grandes expectativas com a segunda edição da Virada Cultural de Curitiba, que ocorre no próximo fim de semana. O evento foi um sucesso no ano passado, quando estreou. Para quem não conhece o modelo: o poder público patrocina uma série de shows gratuitos em espaços abertos geralmente em locais centrais , durante um fim de semana, inclusive na madrugada. São Paulo, megalópole, já realizou sete edições da Virada Cultural. Mas lá as atrações não ficaram somente na capital: a versão estadual já está na quinta edição.
E aqui no Paraná? Quando teremos diversão e arte para todos? Claro que a produção cultural não se resume às viradas culturais. Mas esses eventos são ótimos para celebrar a arte, o espaço público, a arquitetura, a própria cidade.
Em maio deste ano, a Virada Cultural Paulista foi realizada em 23 cidades. Na primeira edição, cinco anos atrás, dez municípios receberam atrações. Talvez esse seja um número alto para o Paraná dar o pontapé em um evento estadual, mas é preciso começar.
De acordo com o planejamento do governo estadual para os próximos anos, os projetos culturais tendem a ficar concentrados em Curitiba e arredores. A região metropolitana concentra 35% da população, mas a participação nas ações de integração cultural para os próximos anos é de 44%. Conforme o Plano Plurianual 2012-2015 que ainda tramita na Assembleia Legislativa e pode ser alterado a meta é realizar 1.529 ações no período, das quais 677 na RMC. Nas demais mesorregiões, o número gira em torno de 100.
O programa mais descentralizado é o Paraná Lê, com ações divididas em várias regiões. Mas o ideal é que todas as ações governamentais sejam espalhadas pelo território, até porque a lógica do capital leva shows e eventos culturais pagos para Curitiba e as cidades mais desenvolvidas.
Pedreira
O povo quer comida, diversão e arte. E sempre algo mais. Curitiba tem muito mais atrações que o resto do Paraná, mas, na comparação com outras capitais, ficamos para trás. A reabertura da Pedreira Paulo Leminski poderia mudar esse cenário. O local está fechado há três anos por decisão judicial. O desfecho esperado para ontem foi postergado para fevereiro (mais informações no caderno Vida e Cidadania).
Outra pendência cultural que vem se arrastando há anos é o Vale-Cultura, do governo federal. Em 2009 foi aprovado pela Câmara e encaminhado ao Senado, que fez modificações no texto. Por isso a matéria voltou à Câmara. Há cinco meses, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, havia recebido a garantia do presidente da Casa, Marco Maia (PT), de que o tema seria apreciado ainda no primeiro semestre. Cadê?
Pelo projeto, os trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos teriam direito a um vale de R$ 50. Mas a adesão das empresas não é obrigatória. Elas poderiam descontar no máximo 10% do salário do trabalhador (R$ 5). Em troca, ganhariam benefícios fiscais.
Há quem critique esse tipo de incentivo ao consumo para difundir a cultura, mas ele seria um marco em um país que subsidia a produção até de artistas reconhecidos internacionalmente. A grande vantagem é que o cidadão escolheria no que gastar: ingressos de eventos em geral (cinemas, shows, teatros), publicações (livros, jornais, revistas) ou meios multimídias (CDs e DVDs). A gente não quer só receber cultura, quer opção para qualquer parte.
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