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16.º é o lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paraná ocupado por Serranópolis do Iguaçu, a melhor colocação entre os municípios próximos à Estrada do Colono.

Os defensores da reabertura da Estrada do Colono estão comemorando a vitória que tiveram na Câmara dos Deputados nesta semana. Os ambientalistas recorreram à ONU para tentar barrar a iniciativa. É mais um daqueles temas em que o consenso parece impossível. A via corta ao meio o Parque Nacional do Iguaçu entre os municípios de Capanema e Serranópolis do Iguaçu, e é defendida como ferramenta de desenvolvimento regional e demonizada pelo risco que causará ao bioma Mata Atlântica. De que lado ficar?

Na terça-feira, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou a criação da unidade de conservação Estrada-Parque Caminho do Colono no Parque Nacional do Iguaçu. O projeto foi encaminhado ao Senado, onde há grandes chances de ser aprovado.

O texto prevê que uma guarita fará o controle de acesso, limitando os horários e tipos de veículos. A via será recapeada com produtos "ambientalmente corretos" e terá redutores de velocidade durante todo o trajeto de 17,5 quilômetros, além de sinalização rodoviária e turística.

Em reportagem publicada nesta semana no jornal Valor Econômico, a prefeitura de Capanema defende a reabertura em nome do desenvolvimento da cidade, já que a população teria "encolhido". De fato, os dados do Censo mostram redução no número de moradores, assim como em Capitão Leônidas Marques. A afirmação, porém, não é exata, pois a região se desmembrou em vários municípios a partir da década de 80, e estes assumiram parte da população. É o caso de Boa Vista da Aparecida (1983), Nova Prata do Iguaçu (1983), Lindoeste (1990), Santa Lúcia (1993) e Serranópolis do Iguaçu (1997), entre outros.

Independentemente do número de habitantes, a estrada poderia ser uma nova fonte de renda e emprego, com o desenvolvimento do turismo sustentável. Os ambientalistas, porém, abominam a ideia. Uma espiada nas imagens de satélite do Google ajuda a entender o motivo: a mata já cobriu a antiga estrada, fechada oficialmente em 1986. A crítica que eles fazem é que a reabertura implicará em desmatamento de uma área protegida e tombada como Patrimônio Mundial Natural da Humanidade.

Além disso, o potencial turístico da localidade é considerado baixo. "Essa estrada não é para visitar o parque, é para atravessar o parque. No caso das estradas-parque dos Estados Unidos, o cenário para o turista é deslumbrante. Não aqui. Essa estrada é só mato de um lado, para cair do outro lado, na soja. Não tem paisagem", declarou Marcio Santilli, coordenador do Instituto Socioambiental (ISA), ao Valor.

Aí está uma divergência grave: ou a via tem potencial turístico para ser aberta como estrada-parque, ou não tem nada disso e servirá apenas para encurtar distâncias na região. Claro que o tempo gasto para circundar o parque gera prejuízos, mas é preciso que fique claro quais são os objetivos com a reabertura. O projeto aprovado na CCJ fala em redutores de velocidade, uso exclusivo de veículos de passeio e controle de tráfego. Nesse caso, os caminhoneiros da região provavelmente ficarão frustrados com a restrição, e o ganho de tempo será relativo, já que nenhum carro poderá passar pelo trajeto em alta velocidade. Ou é isso ou o projeto é uma mentira.

Outra preocupação é que no passado a estrada era rota de contrabando e drogas. Se isso voltar a acontecer, os possíveis benefícios que a reabertura trará serão um pequeno consolo frente ao aumento da criminalidade. O fato é que é preciso fazer algo pela região. Os municípios do entorno têm altos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), mas o ritmo de crescimento de alguns deles, como Medianeira e Capanema, ficou abaixo da média estadual entre 1991 e 2010.

Não há consenso, mas é preciso haver mais franqueza na discussão sobre a reabertura. Quais são os reais objetivos? Quais são os verdadeiros riscos à biodiversidade? Como desenvolver a região de maneira sustentável?

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