Queda na criminalidade
Os crimes contra o patrimônio apresentaram redução nos nove primeiros meses do ano na comparação com o mesmo período de 2011:
Números entre Janeiro e Setembro de 2012 e a variação
Curitiba: 60.515, -4%
Região Metropolitana: 25.190, -1,7%
Paraná: 208.025, -1,8%
Fonte: Secretaria de Segurança
Nesta semana o governo federal e o governo de São Paulo anunciaram uma série de medidas conjuntas para combater a violência no estado vizinho. Entre elas, uma agência integrada de inteligência. E aí vem o espanto: como assim, quer dizer que até agora não havia nenhuma integração no combate ao crime organizado? Em nenhum lugar do país?
O poder público brasileiro tem evoluído muito, mas, infelizmente, ainda executa as ações apenas como reação aos problemas, e não age de maneira proativa e preventiva. Desde o início do ano, em São Paulo, 86 policiais foram assassinados. Mas isso só virou caso federal no último dia 31, quando foi noticiado que havia uma lista com nomes de policiais militares e civis marcados para morrer.
O número de mortes em São Paulo é muito alto. Só para se ter uma ideia, o Paraná registrou a morte de 65 agentes entre 2005 e 2012 sete anos. Mas o governo de São Paulo e o Planalto demoraram para se acertar. Por quê? Por causa das divergências partidárias PSDB e PT não queriam se unir ao "inimigo" durante o período eleitoral. Acabaram deixando espaço para o inimigo de verdade agir, matando policiais e cidadãos.
Outra ação anunciada é a atuação da Receita Federal e da Secretaria da Fazenda, para tentar eliminar que as organizações criminosas movimentem dinheiro como se fosse uma empresa idônea. Taí outra coisa que eu jurava que já era feita...
Dá para pensar: tudo bem, vamos dar uma colher de chá e elogiar as medidas que serão tomadas a partir de agora. Mas não é possível olhar uma ação isolada e achar que dará certo. Aliás, de nada vai adiantar essa integração do governo federal e do governo de São Paulo se não forem tomadas medidas semelhantes em outros estados.
A área de atuação dos criminosos não está circunscrita apenas a São Paulo. Obviamente, o inchaço populacional da metrópole e todos os seus problemas e mazelas decorrentes contribuem para que o crime atue de forma mais incisiva e hedionda. Mas a brutalidade pode facilmente migrar para outros lugares.
Alguns prefeitos eleitos da Região Metropolitana de Curitiba já demonstraram essa preocupação. Em Araucária, Olizandro Ferreira (PMDB), disse que a instalação das Unidades Paraná Seguro (UPS) em bairros da capital acabou levando a criminalidade para outros municípios. "O trabalho deveria ser feito de forma mais integrada e qualificada na capital, para não repassar problemas aos vizinhos", disse ele, em reportagem publicada pela Gazeta do Povo em 2 de novembro. Ou seja: a medida do governo do Paraná foi comemorada pelos moradores curitibanos, mas os cidadãos que moram a poucos quilômetros de distância, em outro município, podem ter sido prejudicados.
A segurança pública foi um tema muito discutido durante a última campanha eleitoral, apesar de não ser atribuição dos prefeitos. Claro que os administradores municipais podem ajudar muito, com políticas educacionais, atividades de contraturno, opções de esporte e lazer, boa iluminação. Mas é preciso uma integração intermunicipal, e por isso os governos estaduais e o governo federal precisam assumir a liderança nas ações contra o crime.
Esta coluna também tem debatido bastante o problema da criminalidade e, exatamente nove meses atrás, apresentou alguns números sobre a criminalidade em Curitiba e municípios vizinhos. Os dados mostravam que, ao longo de 2011, o número de crimes contra o patrimônio (furto, roubo, estelionato, dano e extorsão) aumentou 0,6% na capital. Mas nas demais cidades da região metropolitana, o crescimento foi de 10%.
Como esses dados ficaram ao longo de 2012? Felizmente, os crimes contra o patrimônio apresentaram redução na comparação entre janeiro e setembro do ano passado. E a redução foi mais acentuada em Curitiba, que é a 1.ª Área Integrada de Segurança (AISP). Nos demais municípios da região metropolitana, que formam a 2.ª AISP, a redução ocorreu, mas não no mesmo ritmo. Os números são positivos, mas não podemos baixar a guarda, pois o número total de crimes ainda é muito alto.
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