No Dia das Crianças, a preferência geral é por ganhar brinquedos. E está certo, mas isso é assunto para os pais ou responsáveis. Em termos de políticas públicas, há outros presentes a serem ofertados. Um dos "tesouros" que os governantes podem proporcionar é a biblioteca. Nela é possível descobrir um caminho maravilhoso para se educar e se divertir.
Curitiba conta com uma grande rede de bibliotecas e é destaque nacional. De acordo com o 1.º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, divulgado em abril de 2010, havia 55 instituições do tipo na cidade. Segundo o estudo, o equivalente a 2,97 unidades para cada 100 mil habitantes, atrás apenas de Barueri (SP), com índice de 4,07.
Mas Curitiba superou de longe as outras capitais. Neste ranking, o segundo lugar coube a Palmas, com índice muito abaixo: 1,06 biblioteca para cada 100 mil moradores. Em seguida aparece Brasília, com índice de 0,7.
Segundo as informações da prefeitura de Curitiba, o número de bibliotecas escolares é bem maior (em torno de 180), e estão sendo construídas outras, até para atender a Lei Federal n.º 12.244, de abril de 2010, que determina que todas as instituições de ensino tenham essa estrutura.
Se a questão fosse apenas construir bibliotecas, então poderíamos considerar a situação ótima e encerrar a coluna por aqui. Mas não é assim que funciona. É preciso saber se as estruturas ofertadas pela prefeitura estão causando impacto na vida escolar, se são bem utilizadas.
Com certeza há exemplos lindos de professores e bibliotecários que fazem atividades divertidas e proveitosas com as crianças e que indicam bons livros. Mas, no geral, dá no mínimo para desconfiar de que as bibliotecas não estão cumprindo com o papel de formar os estudantes.
Em Curitiba, assim como no resto do Brasil, o desempenho dos alunos nas provas de Língua Portuguesa é bem mais baixo do que nas provas de Matemática. Isso pode ser facilmente observado na Prova Brasil, promovida pelo Inep, do Ministério da Educação. O último dado disponível, de 2009, mostra que a nota média dos alunos da 5.ª série do ensino fundamental da rede municipal em Curitiba foi de 200,1 em Português e 223,8 em Matemática.
Essas notas não são ruins na comparação com outras capitais. Mas quero ir além: em relação à prova anterior, de 2007, a média em Matemática aumentou mais do que a média em Português. Situação semelhante ocorreu entre 2005 e 2007, como bem documentou o pesquisador Douglas Danilo Dittrich em sua dissertação de mestrado apresentada na UFPR em 2010.
Com esses números em mente, será que dá para concluir que as bibliotecas escolares em Curitiba estão cumprindo com seu propósito? O interesse pela leitura pode ser bastante influenciado (e prejudicado) pelo ambiente familiar, mas acredito que a escola tem condições de incentivar o aluno a se interessar por livros. Para isso, entretanto, não dá para se contentar em ter um acervo, é preciso usá-lo da melhor forma possível. Repito: com certeza há muitas iniciativas individuais dignas de notas, mas o que precisamos, em todo o Brasil, é de uma política pública efetiva.
Momento mágico
A leitura, afora todos os aspectos úteis e fundamentais, proporciona experiências fascinantes. E acompanhar o aprendizado de uma criança, das primeiras sílabas ao primeiro livrinho, é um desses momentos mágicos. O meu sobrinho, Gabriel, começou a ler há pouco tempo. A Letícia, irmã dele, ainda está na fase de folhear e inventar as histórias. Para eles e para todos os pequenos, um feliz Dia das Crianças.
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