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Letrinhas

Desde 2010, o Brasil já ganhou 4 partidos, totalizando 31:

• PSD - Partido Social Democrático - 27/09/2011• PPL - Partido Pátria Livre - 04/10/2011• PEN - Partido Ecológico Nacional - 19/06/2012• Rede - Rede* - 16.02.2013

Fonte: TSE * Nome provisório

Hoje teremos no Brasil a criação de mais uma legenda partidária. Por opção ideológica, a Rede (nome provisório), que terá Marina Silva como líder, não terá a palavra "partido" no nome. Esta é apenas uma das várias curiosidades relacionadas à Rede, que pretende se colocar como uma opção totalmente diferente dos partidos tradicionais. Uma das medidas polêmicas que deve constar do estatuto é a proibição de os políticos filiados receberem recursos de empresas consideradas "inimigas da sustentabilidade".

O que considero mais curioso é a profusão de siglas no Brasil. A Rede será o 31.º partido, e o 4.º a ser criado desde as últimas eleições presidenciais, em 2010 – ano em que Marina Silva se destacou ao conquistar 20 milhões de votos, de pessoas cansadas de partidos tradicionais como o PT e o PSDB, que polarizaram a disputa.

Ao mesmo tempo em que se criam mais legendas no país, sabemos pelo noticiário sobre a fusão de duas grandes empresas rivais: American Airlines e a US Airways anunciaram a criação da maior companhia aérea do mundo. Por que as empresas se fundem? Basicamente para reduzir prejuízos e aumentar o lucro. Por que os partidos brasileiros não seguem o mesmo caminho?

A lógica econômica que move as empresas é muito diferente da lógica política que move os partidos, mas estes poderiam aprender algumas coisas com aquelas. Para começar, poderiam promover algumas fusões, reduzindo o número de partidos. Juntariam forças e, no Legislativo, poderiam conduzir o debate das leis para um lado ou para outro.

Além disso, eu seria fiel a um partido que fizesse um planejamento estratégico e definisse, claramente, sua missão, trabalhasse para cumpri-la e punisse os dirigentes que não atuassem a contento. Um partido define sua missão como: "Proporcionar serviços de saúde e educação com mais qualidade". Esta é a meta. Digamos que um prefeito não consiga melhorar os índices educacionais e de saúde ao fim do mandato. Ora, sinto muito, não poderá se candidatar à reeleição. Ou ficará de fora da cúpula partidária e não poderá decidir sobre os rumos a serem tomados.

Um partido que assumisse essa postura não ia conquistar muitos votos? Quando a presidente Dilma Rousseff demitiu vários ministros que se envolveram em escândalos, ela obteve a admiração do público em geral (mesmo de pessoas que não tinham votado nela), que gostou de ver uma punição exemplar.

As siglas partidárias teriam muito a lucrar ao se mostrarem intolerantes a falhas (escândalos e desvios). O eleitorado iria gostar e se tornaria fiel, colocando esse partido como referência. Claro que, agindo de maneira empresarial, seria esperada uma redução no fluxo de dinheiro que atualmente entra de forma ilícita no bolso dos políticos.

Mas o capital político compensa esse "prejuízo". Atraindo para si atenção positiva, a legenda que aposta com força no perfil ficha-limpa terá sempre muitos votos e se manterá no poder, gerenciando milhões nos orçamentos municipais e ditando os rumos do desenvolvimento do país. Políticos cretinos se contentam em desviar recursos destinados a ambulâncias. Políticos inteligentes buscam o reconhecimento da população, e isso só virá quando ofertarem serviços públicos de qualidade.

Para facilitar a oferta de serviços públicos de qualidade, os governantes deveriam trabalhar de forma conjunta. É como uma cooperativa ou um arranjo produtivo local. É preciso unir forças para atingir objetivos em comum.

Daí volta a questão da fusão partidária. É matemática básica, mas as legendas parecem ignorar que um maior número de deputados eleitos significa mais tempo de propaganda partidária e mais recursos do fundo partidário. Os políticos preferem gerenciar algumas migalhas do fundo e ter poder sobre meia dúzia de afiliados a construir um partido sério.

Nada contra o novo partido de Marina. O fato é que o Brasil está precisando, desesperadamente, de partidos sérios e organizados, que tragam resultados satisfatórios. Nesse caso, as empresas podem oferecer muitos ensinamentos, e de pouco adiantará considerá- las inimigas.

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