Diversas cidades brasileiras foram palco de protestos pró-impeachment neste domingo (31). Em todos os atos, inclusive no de Curitiba, a adesão foi menor se comparada a manifestações anteriores, o que mostra que os protestos perderam o fôlego após o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT).
“Achamos que tem menos gente aqui hoje em virtude do foco da imprensa nas Olimpíadas e também porque as pessoas estão achando que, com a Dilma afastada, está ganho”, justificou a porta-voz do Vem Pra Rua Curitiba, Micheline Garcia.
Galeria: Veja imagens da manifestação em Curitiba
A menor adesão foi sentida também pelos ambulantes como João Gonçalves, que comercializavam apitos, bandeiras do Brasil e Pixulecos no entorno da praça. “A manifestação passada foi melhor, as pessoas estavam mais interessadas. Não sei se agora estão mais conformadas”, resumiu o vendedor.
Histórico de público nas últimas manifestações
Março 2015
Curitiba: 80 mil
São Paulo: 1 milhão
Rio de Janeiro: 15 mil
Abril 2015
Curitiba: 40 mil
São Paulo: 275 mil
Rio de Janeiro: 12 mil
Agosto 2015
Curitiba: 60 mil
São Paulo: 350 mil
Rio de Janeiro: 20 mil
Dezembro 2015
Curitiba: 10 mil
São Paulo: 30 mil
Rio de Janeiro: 80 mil
Março 2016
Curitiba: 200 mil
São Paulo: 1,4 milhão
Rio de Janeiro: 1 milhão
Na capital paranaense, o que parecia ser um ato com algumas centenas pessoas reuniu 25 mil, de acordo com estimativas repassadas pela Polícia Militar (PM) por volta das 17 horas – três horas após o início da concentração, na Praça Santos Andrade. A PM, posteriormente, informou que a adesão foi de 3 mil pessoas.
O grupo saiu por volta das 15h30 da praça e seguiu em direção à Boca Maldita. Conforme a PM, várias pessoas teriam aderido à manifestação nesse trajeto.
Pautas
Além de reforçar o apoio ao impeachment da presidente afastada, o ato tinha por objetivo reforçar a ideia de que a sociedade deve se unir contra a corrupção. “Somos contra qualquer político de qualquer partido que seja corrupto. Exigimos também a aprovação das dez medidas contra a corrupção”, explicou Micheline.
Segundo ela, o evento visava ainda demonstrar apoio à Operação Lava Jato e ao juiz Sergio Moro, e repúdio às “articulações do STF”.
Participaram da organização do evento os grupos Avança Brasil, Curitiba Contra a Corrupção, Mais Brasil, Movimento Brasil Livre, República de Curitiba e Vem Pra Rua Curitiba. Também estiveram presentes representantes do O Sul é Meu País e defensores da intervenção militar.
Outras capitais
Em São Paulo, a baixa de participantes também foi sentida – e assentida. Principal celebridade no carro de som do grupo Revoltados Online, o primeiro que se via na Avenida Paulista (na esquina com a rua Rocha Azevedo), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSC - SP) reconheceu a baixa adesão e justificou: “Já era esperado que fosse mais esvaziado. Alguns fatores influenciaram. Dilma está afastada e não edita mais medidas provisórias. E tem também o fim das férias escolares”, disse.
No Rio de Janeiro, o ato foi entre a manhã e o início da tarde e reuniu os manifestantes na praia de Copacabana. Os organizadores não deram uma estimativa de público, tampouco a Polícia Militar. O público se concentrou em um trecho de cerca de 500 metros da pista da Avenida Atlântica, junto ao calçadão, entre os postos 4 e 5.
Contudo, a avaliação do Movimento Vem Pra Rua, que convocou o ato, foi de que a adesão “foi além da esperada”.
“Estamos comemorando. As pessoas ainda estão mobilizadas. Achei que o clima de ‘já ganhou’ pudesse atrapalhar. Mandamos o nosso recado para a imprensa internacional: não toleramos mais a corrupção no Brasil” disse Adriana Balthazar, do Vem Pra Rua.
No Distrito Federal, metade do público esperado compareceu. Os organizadores, de grupos variados, esperavam contar com pelo menos 10 mil pessoas. Mas, segundo a PM, aproximadamente cinco mil compareceram no ato, que terminou no início da tarde com a execução do Hino Nacional Brasileiro em frente à Esplanada dos Ministérios.
Durante o ato, que começou com concentração às 10 horas da manhã, os líderes de diferentes grupos pró-impeachment se revezavam no carro de som, fazendo discursos pelo afastamento definitivo de Dilma, contra a corrupção e em apoio à Operação Lava Jato.
Em Brasília, a maior parte das falas foi dividida entre pedidos para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja convertido “de réu para prisioneiro” e tributos ao juiz Sergio Moro. Os manifestantes chegaram a cantar “Parabéns” e a desejar “muita saúde” para Moro, que faz aniversário nesta segunda-feira, 1º de agosto. Foi ainda simulado um cortejo e o enterro simbólico do governo Dilma.
Já em Salvador, a manifestação a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff reuniu cerca de 500 pessoas, informou a Agência Brasil. Os manifestantes, que se encontraram no Farol da Barra, pediram que o processo de afastamento da petista com mais rapidez.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura