O clima negativo do Senado, por conta da resistência de Renan Calheiros (PMDB-AL) em permanecer no comando da Casa, é tratado por aliados do governo e pela oposição como o obstáculo número um do governo para aprovar a prorrogação da CPMF até 2011. "Nessas condições, não se vota a CPMF. Sem o afastamento do Renan não há condições" avalia o senador Delcídio Amaral (PT-MS).
A prorrogação do imposto do cheque e da Desvinculação das Receitas da União (DRU) até 2011 foi aprovada na madrugada desta quarta-feira (10) em segundo turno no plenário da Câmara. O texto base teve votação folgada em prol do governo, com 333 votos pela aprovação da matéria, sendo que eram necessários 308 votos.
A proposta que chega ao Senado mantém a alíquota original proposta pelo governo: a cobrança de 0,38% em todas as movimentações financeiras realizadas no país.
Renan Calheiros chegou nesta quarta ao Senado, mas não quis comentar o assunto. Foi direto para o gabinete sem falar com os jornalistas.
Para o senador Demóstentes Torres (DEM-GO), um dos principais opositores de Renan e que inclusive duelou com o presidente da Casa na tensa sessão do plenário da última terça-feira (9), também não vê chances de que a matéria seja votada com Renan Calheiros na presidência. "A oposição já está fechada contra a CPMF. Mas, de qualquer forma, a situação é ainda mais complicada com o presidente [Renan] na presidência. Até o fim do ano, não consegue", prevê Torres.
Constrangimento
Os próprios aliados de Renan Calheiros admitem que a presença dele à frente da presidência é um mau presságio para a aprovação da prorrogação do imposto do cheque. "Temos que criar um ambiente favorável na Casa", admite o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Jucá se impõe como o principal interlocutor do governo com a oposição ao lado do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) para diminuir as resistências sobre a proposta. Para que seja aprovada e promulgada, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) precisa de votos favoráveis de 49 dos 81 senadores, em duas votações.
O próprio senador Demóstenes Torres, de oposição, não acredita que o governo deva modificar o mérito da proposta com o único objetivo de facilitar a articulação com o PSDB e o Democratas, que somam 28 votos na Casa. O senador Edson Lobão (DEM-MA) está de malas prontas para o PMDB.
Mas na própria base aliada especificamente no PMDB, maior partido com 19 parlamentares -, o governo precisa de sensibilidade para evitar ainda mais dificuldades.
O senador Valter Pereira (MS) avalia que o caso Renan não é obstáculo intransponível para a votação da CPMF. Ele diz que o problema é outro. "Não vamos votar nada goela abaixo. Não aceitaremos uma determinação para votar para esta ou aquela proposta. A matéria deve ter a discussão exaurida na bancada", adverte o peemedebista, que articulou uma rebelião de 12 senadores do PMDB em plenário, no dia 26 de setembro.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Ataque de Israel em Beirute deixa ao menos 11 mortos; líder do Hezbollah era alvo