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Derrotado no Rio Grande do Sul nas cinco eleições para presidente da República realizadas depois do fim da ditadura militar - com exceção do segundo turno de 1989, quando Leonel Brizola, do PDT, transferiu seus votos para Luiz Inácio Lula da Silva -, o PT tenta quebrar o tabu com a presença constante no Estado dos candidatos ao governo, Tarso Genro (Justiça), e à Presidência, Dilma Rousseff (Casa Civil).

Com cerca de 10 pontos porcentuais à frente do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, do PMDB - segundo as últimas pesquisas encomendadas pelo grupo de comunicação RBS -, há mais de quatro meses Tarso tem procurado passar todos os finais de semana no Rio Grande do Sul. Ele quer sair do governo em janeiro para intensificar a pré-campanha.

Já a ministra Dilma, que é mineira, mas apareceu na política gaúcha ainda no PDT, como auxiliar do governo de Alceu Collares (1991/1994), também costuma estar presente nas inaugurações de obras federais.

O Rio Grande do Sul apresenta peculiaridades políticas que nenhum outro Estado tem, daí a preocupação dos petistas.

Nunca, desde que as eleições para os governos estaduais foram retomadas, em 1982, um partido conseguiu fazer o sucessor. E até agora ninguém conseguiu ser reeleito. Tudo isso poderá se repetir no ano que vem, conforme indicam as pesquisas de intenção de votos. A governadora tucana Yeda Crusius, por exemplo, aparece com apenas 6% das intenções de votos.

O PMDB, que no plano federal tem um pré-acordo com Dilma para uma aliança que dará ao partido a vaga de vice na chapa presidencial, tem dois candidatos potenciais ao governo do Estado. São o ex-govenador Germano Rigotto e o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça.

A prefeitura da capital gaúcha é administrada com o apoio de uma ampla coligação. Se anunciar que é candidato, Fogaça pode rachar sua base de apoio. Já Germano Rigotto disse que vai esperar até dezembro por uma definição do prefeito. Caso contrário, deve anunciar sua busca por uma vaga ao Senado.

De acordo com informações de bastidores do PMDB, Fogaça teme deixar a prefeitura e ver repetir, com ele, o mesmo que ocorreu com Tarso em 2002. Então prefeito de Porto Alegre, o hoje ministro da Justiça largou o cargo e se candidatou ao governo do Estado. Perdeu para Germano Rigotto que, por sua vez, tentou a reeleição em 2006 e foi derrotado por Yeda, a atual governadora.

Além do mais, se sair da prefeitura, Fogaça a entregará ao vice, o ex-deputado José Fortunatti, do PDT. Como o partido é forte no Rio Grande do Sul, e o pedetista - originário do PT, do qual foi até líder na Câmara - não tem tradição trabalhista, há o receio de que os pedetistas rejeitem um eventual governo dele. E a rejeição poderia resultar em uma derrota para Fogaça.

O senador Pedro Simon, presidente do PMDB estadual, licenciou-se do cargo e entregou a direção do partido a um triunvirato que deverá administrar a candidatura do partido. Ele próprio, que já manifestou simpatia pela candidatura da ministra Dilma - e recuou quando, no dia em que foi agredido por Fernando Collor numa sessão do Senado, o presidente Lula recebeu o ex-presidente - tende a apoiar a candidatura da senadora Marina Silva, do PV. Mas, por enquanto, Simon insiste que o PMDB deve ter candidato a presidente, embora saiba que isso é quase impossível, visto que o partido deve mesmo ficar com Dilma.

Em todas as costuras existe o interesse pelo senador Sérgio Zambiasi, do PTB. Ele não será candidato à reeleição. Decidiu apoiar uma nova eleição do senador Paulo Paim, do PT. Zambiasi é muito popular. Tarso o quer para vice. O PMDB também o corteja, mesmo sem ter ainda um candidato definido.

Uma curiosidade no quadro das costuras das alianças envolve os adversários DEM e PT. Tradicionais rivais, no momento eles são aliados contra o governo de Yeda, tanto na Assembleia Legislativa quanto na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura corrupção no governo estadual. Paulo Feijó, vice de Yeda, é o principal fornecedor das denúncias contra sua ex-aliada.

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