A Comissão Processante (CP) da Câmara de Campinas, responsável pela apuração de envolvimento do prefeito Demétrio Vilagra (PT) em suposto esquema de corrupção na Sanasa, a empresa municipal de saneamento, deu início na manhã desta terça-feira (20) à sessão de julgamento do impeachment do petista.
A sessão pode durar ao menos dois dias, uma vez que os trâmites preveem a leitura de 1.440 páginas do processo, tempo para manifestação de cada vereador na tribuna, duas horas de defesa para Vilagra e, então, a votação nominal do pedido de impeachment. Até o fim da tarde, os vereadores, em revezamento, leram cerca de 250 páginas do processo.
A expectativa de que a população acompanhasse a sessão de julgamento como foi no caso do ex-prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT), cassado pela Câmara em 20 de agosto, foi frustrada. A maior movimentação se deu entre a madrugada e a manhã desta terça-feira, quando alguns manifestantes chegaram à sede do Legislativo com cartazes e faixas. Mas poucas pessoas ficaram para a leitura do processo.
Nas ruas de Campinas, o comentário é de que a população já não tem mais paciência para assistir à "dança das cadeiras", como ficou conhecido o vaivém na chefia do Executivo. "Ninguém mais tem paciência, sabe? A política de Campinas virou motivo de piada. A dança das cadeiras não atrai mais ninguém", afirmou o comerciante José Carlos Buarque, de 57 anos, morador do bairro.
O relatório final da CP, com 13 páginas, apontou quebra de decoro por parte de Vilagra. Para os vereadores da comissão, o petista teve, nas vezes que assumiu o cargo de prefeito no lugar de Hélio de Oliveira Santos, chance de interromper a ação do grupo apontado pela Promotoria como responsável pelo desvio de recursos e fraudes em licitações, mas não o teria feito.
O advogado do prefeito, Hélio Silveira, disse que o parecer da Câmara não tem densidade e é parcial. Silveira pretende usar o tempo de defesa de Vilagra durante a sessão de julgamento.
Sem acordo
Na manhã desta terça, a sessão foi suspensa por 15 minutos logo após seu início, às 9 horas, para os vereadores definirem, com o advogado do prefeito, Hélio Silveira, quais partes do processo seriam lidas.
Por volta de 9h40, o presidente do Legislativo, Pedro Serafim (PDT), comunicou que não chegou-se a um acordo, portanto, a Presidência determinaria a leitura de 1.400 páginas, referentes exclusivamente a peças usadas na CP de Vilagra, com depoimentos de testemunhas de defesa e acusação.
O vereador Josias Lech (PT) havia pedido a leitura do processo criminal sobre o qual a comissão baseou-se para dar andamento a seus trabalhos, o que resultaria na leitura de aproximadamente 6 mil páginas. "Haveria, nesse caso, uma impossibilidade humana de permanecermos em plenário por, digamos, coisa de dez dias", afirmou Serafim ao vereador petista.
"Foi pedido pela defesa também a leitura da CP do ex-prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT), o que daria a leitura de algo em torno de 30 mil páginas" afirmou Serafim.
Caso o prefeito Demétrio Vilagra seja cassado, uma das possibilidades é de o presidente da Câmara assumir o governo. A outra é de a Justiça convocar eleições diretas.
Vilagra foi empossado no dia 23 de agosto, após a cassação de Hélio de Oliveira Santos. O petista e outras seis pessoas - entre elas a ex-primeira dama Rosely Nassim dos Santos - foram acusados formalmente pelo Ministério Público por supostos crimes de formação de quadrilha, desvio de recursos públicos e fraude em licitações. O petista teve por duas vezes prisão decretada, sendo que em uma delas chegou a ser detido. As prisões foram revogadas.
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