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Gestão Rafael Greca passou para o Ippuc funções da Secretaria do Planejamento, que foi extinta. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Gestão Rafael Greca passou para o Ippuc funções da Secretaria do Planejamento, que foi extinta.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Ainda durante a campanha eleitoral, Rafael Greca havia garantido: “O Ippuc vai voltar a pensar”. A promessa era de que, sob sua gestão, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba retomará o papel de criar as grandes inovações que tornaram a cidade referência mundial em urbanismo – algo que se perdeu, segundo o imaginário curitibano. Mas a estratégia da nova gestão para resgatar o protagonismo da “Sorbonne do Juvevê” poderia ser resumida de outra forma: “O Ippuc vai ser mais ouvido”. A ideia é que haja um melhor aproveitamento daquilo que já foi “pensado” dentro do órgão. Por ora, nada para repor o quadro de profissionais – o que, para muitos, é a razão da perda de relevância do órgão.

Novo presidente do Ippuc, Reginaldo Reinert diz que, embora o mote da campanha de Greca tenha sido a “volta do planejamento”, essa função nunca deixou de ser executada pelo instituto. Segundo ele, o órgão sempre propôs soluções para serem implantadas dentro de uma sequência de planejamento. “O prefeito usa [os projetos] se quiser”, diz.

“Quero restaurar no imaginário dos curitibanos a certeza de que o Ippuc voltará a funcionar.”

Rafael Grecaprefeito de Curitiba.

Reinert afirma que algumas gestões optam por adotar ideias “novas”, que nem sempre fazem parte desse plano. O que a administração de Greca pretende fazer é implantar os projetos dentro do planejamento original – como se o Ippuc fosse uma “extensão do gabinete do prefeito”.

Perda de servidores

A nova estratégia para o Ippuc, porém, por enquanto deixa de lado uma questão que vem sendo discutida há muito tempo: a queda do número de técnicos do instituto.

A Lei Municipal n.º 8.158, sancionada em 1993 justamente por Greca, em seu primeiro mandato como prefeito, autoriza o órgão a ter 649 servidores efetivos. Mas hoje o instituto conta com apenas 243. Sob essa ótica, apenas 37,3% do quadro do órgão estaria preenchido. Além disso, na prática, tirando os servidores cedidos a outros órgãos e governos, estão na ativa pouco menos que 200 funcionários.

Prestígio e simbolismo

Funcionário aposentado do Ippuc, o prefeito Rafael Greca elegeu o órgão no qual trabalhou para ser o centro de sua administração. Um dos exemplos do prestígio dado por ele ao instituto foi o repasse para o Ippuc das funções da Secretaria Municipal do Planejamento – que foi extinta. O anúncio do secretariado, no fim do mês passado, foi outra mostra – simbólica – da importância devotada por Greca ao instituto: a divulgação dos nomes do primeiro escalão ocorreu na sede do Ippuc, no Juvevê.

As aposentadorias são o principal fator que levam ao enxugamento do quadro do Ippuc. Em dezembro, por exemplo, 64 entraram em condições de requerer o benefício; três efetivamente abriram o processo para se aposentar. E não há previsão de concurso para contratar funcionários.

O que diz o Ippuc

A atual gestão do Ippuc não considera que haja falta de funcionários nem que as aposentadorias futuras venham a ser um problema. Postura diferente do comando anterior do instituto. Em reportagem da Gazeta do Povo de abril de 2014, o então presidente do órgão, Sérgio Póvoa Pires, reconhecia a falta de pessoal: “É difícil. As pessoas se aposentam e levam consigo a experiência e o aprendizado de todo o tempo. Temos dois problemas: não conseguimos contratar novas pessoas para ocupar esses lugares e a experiência de quem nos deixa é insubstituível”.

Coordenadora-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), Irine Rodrigues diz que, se for considerado que a cidade cresceu muito nas duas últimas décadas, o número de funcionários do instituto deveria ser até mesmo maior que os 649 previstos em 1993. “O problema da falta de pessoal é de toda a prefeitura; e o Ippuc não é diferente”, diz ela.

Irene estima que há pelo menos 15 anos não há um grande concurso para o instituto. E, de acordo com ela, mesmo que fosse aberto, existiria o risco de não haver muitos interessados. A falta de um plano de cargos e salários mais adequado à realidade do mercado afasta profissionais. E, na área de engenharia, como demanda o Ippuc, isso é especialmente complicado.

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