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Pelo menos oito pessoas ficaram feridas no confronto entre manifestantes e policiais da Tropa de Choque na Avenida Paulista, no Centro de São Paulo, durante protesto contra a visita do presidente dos EUA, George W. Bush, ao Brasil. A manifestação, que acabou por volta das 19h10, reuniu pelo menos seis mil pessoas na tarde desta quinta-feira (8), segundo a polícia, e provocou a interdição da pista sentido Consolação (bairro-Centro) da avenida. Os organizadores chegaram a informar pelo carro de som que havia 10 mil pessoas no protesto.

Uma mulher ficou com a perna direita ferida por estilhaços de bombas na altura do Museu de Artes de São Paulo (Masp). Ela estava na pista sentido Consolação quando foi ferida. O deputado Jamil Murad (PCdoB-SP), que viu a cena, socorreu a mulher e a levou ao Hospital das Clínicas, na Zona Oeste de São Paulo, em um táxi.

O fotógrafo Caetano Barreira, que trabalhava na manifestação, foi atingido por um pedaço de madeira no nariz, e também ficou machucado. O manifestante Pedro Pinheiro, de 20 anos, estava com o cotovelo machucado por causa de um golpe que ele afirma ter sido disparado por um policial.

Um casal de namorados que participava da manifestação também ficou ferido com estilhaços de bombas. A estudante Marília Gabriela Garcia, de 22 anos, ficou ferida nas costas e o professor Wilson Borges Filho foi atingido nos dois braços. O sexto ferido é uma 2º tenente da Polícia Militar, identificada como Camila, que levou uma pedrada na cabeça.

A Tropa de Choque da Polícia Militar chegou às 17h20 na Avenida Paulista para dispersar a manifestação. Após os manifestantes alcançarem o vão livre do Masp e terem bloqueado o trânsito nos dois sentidos da avenida, a PM usou gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e gás pimenta. O confronto entre polícia e manifestantes provocou correria e transformou a principal avenida da cidade em uma praça de guerra.

Minutos antes do protesto terminar em briga, o dirigente do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Plínio de Arruda Sampaio, subiu em um carro de som para pedir calma aos manifestantes e recriminar a atitude das pessoas que entraram em confronto com a Polícia Militar.

Reação a bloqueio

Um grupo de jovens que participa da manifestação pichou um ônibus a frase "Bush out". Apesar da reação para impedir o bloqueio, até às 17h09 não houve confrontos entre PM e manifestantes. Uma farmácia fechou as portas para evitar depredações. Os manifestantes discutem e xingam os policiais.

O protesto ainda interditava, às 17h, quatro faixas da Avenida Paulista. Os 110 policiais militares que participam da operação tentam conter o grupo. Às 17h10, o grupo chegou ao vão livre do Masp. A Companhia de Engenharia de Tráfego registrou, às 16h30, 28 km de lentidão na cidade.

O comandante da operação, Capitão Benjamim Francisco Neto, afirmou que houve reforço de policiamento na frente aos restaurantes da rede de fast-food McDonald's, do antigo prédio do Bank Boston e do Citibank. A Tropa de Choque também está em alerta nas imediações da Avenida Paulista para atuar caso ocorra depredações.

A palavra de ordem mais comum, estampada em bandeiras e faixas, é "Fora Bush e sua política do Brasil e da América Latina". Os manifestantes também usam o grito de ordem: "Fora já. Fora já daqui. Bush do Iraque e o Lula do Haiti. Três carros de som estão acompanhando a caminhada. A União Nacional do Estudantes (Une) pretende queimar um boneco que representa o presidente americano quando a caminhada alcançar o vão livre do Masp.

O comandante do Policiamento de Choque Metropolitano, Joviano Conceição Lima, afirmou no começo da tarde desta quinta-feira que a Polícia Militar não vai tolerar o fechamento da Avenida Paulista.

"Não é racional fechar a Paulista, que é um corredor hospitalar importante", disse Lima. Ele ressaltou, entretanto, que entende o caráter democrático das manifestações e disse que a polícia vai atuar "com carinho" para preservar a população.

O policiamento na Avenida Paulista está sendo realizado por duas companhias e um esquadrão dos batalhões de Choque e da Cavalaria. O protesto é organizado por grupos feministas e 32 entidades nacionais que integram a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), entre elas, a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

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