Dilma vetou a medida ao sancionar, em julho, a lei que prorroga até 2019 a política de reajuste do salário mínimo.| Foto: GUSTAVO LIMA/

Em uma votação tumultuada, o Congresso decidiu manter o veto da presidente Dilma Rousseff ao reajuste do benefício pago aos aposentados e pensionistas do INSS de acordo com o reajuste do salário mínimo. Deputados e senadores se reuniram novamente nesta quarta (18) para dar continuidade à análise de vetos presidenciais.

CARREGANDO :)
Veja também
  • Congresso mantém veto de Dilma a reajuste de servidores do Judiciário
  • Comissão de Orçamento aprova texto que reduz a meta fiscal de 2015
  • Para evitar derrota, Temer cobra de ministros mobilização em vetos

Como o veto foi mantido na votação feita pela Câmara, o Senado não precisou votar a medida. Foram 211 votos pela derrubada do veto contra 160 pela sua manutenção e doze abstenções. No entanto, para que um veto seja derrubado, são necessários 257 votos, ou seja, maioria simples na Câmara, assim como no Senado, onde seriam necessários 41 votos

Publicidade

Se o veto fosse derrubado, o impacto para os cofres da União poderia chegar a R$ 11 bilhões de acordo com projeções do Ministério do Planejamento. Dessa forma, os aposentados que recebem mais de um salário mínimo continuarão recebendo seus pagamentos com a reposição da inflação apenas.

Durante a discussão do veto, parlamentares da oposição, contrários à manutenção do veto, tentaram obstruir a sessão ao não marcar presença para que o número mínimo de deputados e senadores presentes para a votação não fosse alcançado.

Eles pressionaram o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que conduz a sessão, a encerrar a votação após quinze minutos depois de ela ter sido aberta, quando ainda não havia quorum. Renan, no entanto, não cedeu e manteve a votação, que atingiu o número necessário de votantes.

Dilma vetou a medida ao sancionar, em julho, a lei que prorroga até 2019 a política de reajuste do salário mínimo. A proposta trazia também a garantia de que as aposentadorias com valores acima do salário mínimo também seriam corrigidas anualmente acima da inflação.

Nas justificativas ao veto, a presidente afirmou que a vinculação da política de valorização do salário mínimo aos benefícios previdenciários é inconstitucional. Ela também argumentou que o veto não viola a garantia constitucional que estabelece que benefícios que substituem o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho não podem ter valor mensal inferior ao salário mínimo.

Publicidade

DISCUSSÃO

A votação foi tumultuada por uma confusão que aconteceu no gramado em frente ao Congresso Nacional entre manifestantes pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff e integrantes da Marcha das Mulheres Negras 2015. Deputados e senadores se revezaram nos microfones para trocar acusações sobre o acontecimento, o que atrasou a votação e irritou Renan.

JUDICIÁRIO

Na madrugada desta quarta, o Congresso também manteve um dos principais itens da chamada “pauta-bomba” do Legislativo, o veto ao reajuste médio de 59,5% aos servidores do Judiciário, cujo impacto extra seria de R$ 36 bilhões até 2019.

O resultado, porém, foi apertadíssimo e simboliza a grande dificuldade da presidente de assegurar a fidelidade de sua base de apoio no Congresso.

Votaram pela derrubada do veto 251 deputados, apenas seis a menos do que o mínimo necessário, que era de 257. Votaram pela manutenção da decisão de Dilma apenas 132 deputados. Houve 11 abstenções.