Brasília (Folhapress) O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados deve aprovar hoje o primeiro pedido de cassação contra um deputado federal em razão do escândalo do mensalão: o delator do suposto esquema, Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Mesmo aliados de Jefferson aceitam, reservadamente, que será uma goleada. Não é improvável um placar de 14 a 0 contra o petebista. Aprovada a cassação no Conselho, o parecer segue ao plenário, onde deve ser apreciado dentro de duas semanas. Em votação secreta, bastariam 257 deputados maioria absoluta aprovarem a cassação.
A reunião de hoje ocorre em um ambiente de intensa boataria. Há o temor de um acordo de última hora do PTB com o PP para poupar Roberto Jefferson, como recompensa pelo fato de o petebista ter desistido de pedir cassação dos deputados José Janene (PP-PR) e Pedro Corrêa (PP-PE). Representantes dos dois partidos negam qualquer acerto.
Também se especulou ontem sobre uma manobra de Jefferson para protelar o processo, ou uma medida de impacto para mudar opiniões no Conselho de Ética, como a devolução dos R$ 4 milhões que o petebista alega ter recebido do PT para fazer campanha eleitoral.
"Tenho a impressão de que o dinheiro que Roberto Jefferson recebeu não foi distribuído por ele", afirmou o advogado do petebista, Itapuã Messias. Sobre a possível devolução dos recursos, ele faz mistério. "Não posso confirmar nem desconfirmar."
Também não se sabe se Jefferson comparecerá à sessão. Segundo um parlamentar aliado dele, a convicção de que o Conselho de Ética aprovará a cassação já está formada. "Vão ser pelo menos dez votos contra ele", diz.
Para o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), o voto de hoje será "emblemático". "Certamente é uma decisão que vai servir de referência para os demais processos", declarou. Além de Jefferson, sofrem processos de cassação no Conselho os deputados José Dirceu (PT-SP), Sandro Mabel (PL-GO) e Romeu Queiroz (PTB-MG).
O relator do processo, Jairo Carneiro (PFL-BA), apresentou parecer pela cassação de Jefferson na segunda-feira.
Carneiro apresentou três razões básicas: a confissão pelo petebista de tráfico de influência em estatais; a admissão de ter recebido dinheiro do PT fruto de caixa 2; e, item mais polêmico, o fato de ter denunciado mensalão sem apresentar provas.
Carneiro, apesar de reconhecer que houve transferência indevida de recursos do PT para partidos com alguma periodicidade, não achou provas irrefutáveis de mensalão no sentido descrito por Jefferson pagamento de R$ 30 mil todo mês a deputados de PP e PL.
Isso poderia dar margem para livrar outros parlamentares acusados de envolvimento no esquema, principalmente Dirceu.
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