A contadora Meire Poza, que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef, confirmou nesta quarta-feira (13) ao Conselho de Ética da Câmara que o doleiro repassou dinheiro ao deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) e a outros parlamentares.
"O Alberto era um banco. Ele pagava contas, dava dinheiro, dava presentes, emprestava", afirmou a contadora, que presta depoimento ao conselho como testemunha de acusação no processo contra Argôlo.
Ela, porém, pediu para se limitar a falar apenas sobre Argôlo nesta sessão, mas, questionada, confirmou que houve pagamento a outros parlamentares.
A defesa de Argôlo tentou adiar o depoimento da contadora e disse cogitar pedir a anulação da oitiva, que acabou sendo mantida pelo presidente da sessão, deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
Sobre a relação entre o doleiro e o deputado, a contadora disse: "Era carinhosa. Ele [Argôlo] era tratado como Bebê Johnson, porque era novinho".
Meire foi arrolada como testemunha de acusação no processo contra Argôlo no Conselho de Ética, movido por causa de suas relações com o doleiro Youssef.
O advogado Aluísio Régis, porém, argumentou que o relator do processo, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), havia afirmado na sessão anterior que dispensava as testemunhas de acusação arroladas. Argumentou também que foi avisado do depoimento com menos de 24 horas de antecedência.
"Se vossas excelências optarem hoje por ouvir ela como testemunha de acusação, depois que o relator dispensou as testemunhas, ainda com intimação por telefone a menos de 24 horas da audiência, eu tenho sinceramente receio de que essa audiência aqui venha a ser anulada", disse o advogado.
Ele sugeriu incluir Meire como testemunha de defesa de Argôlo para ser ouvida posteriormente.
O relator rebateu dizendo que não havia encerrado a instrução processual e que o processo no Conselho de Ética não segue as mesmas regras do processo penal. O presidente da sessão manteve o depoimento.
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