No dia em que Dilma Rousseff viajou para os Estados Unidos para denunciar na ONU o golpe de Estado representado pelo processo de impeachment, o vice-presidente Michel Temer lançou uma contraofensiva na imprensa internacional para rebater a tese de que o possível afastamento da petista represente a ruptura da ordem institucional do país.
Temer concedeu entrevistas separadamente a duas das principais publicações especializadas em economia do mundo -o nova-iorquino The Wall Street Journal e o londrino Financial Times – para rejeitar a pecha de golpista que Dilma tem lhe atribuído.
Foram as primeiras manifestações públicas do peemedebista desde que 367 dos 513 deputados da Câmara – mais do que os dois terços (342) exigidos pela lei- aprovaram a continuidade do processo de impeachment da antiga companheira de chapa. “Se cada etapa do impeachment está de acordo com a Constituição, como pode ser golpe?”, disse Temer à publicação americana.
Se o Senado acolher o processo enviado pela Câmara, Dilma será afastada por até 180 dias, sendo substituída por Temer. Se ela for condenada, o peemedebista fica no cargo até a sucessão de 2018.
Nas Nações Unidas, Dilma fará um discurso em que afirmará que as chamadas pedaladas fiscais não constituem motivo suficiente para o afastamento e que ela não é alvo de acusações de corrupção, diferentemente de grande parte dos congressistas que votaram para destituí-la.
Ao internacionalizar o discurso de que o impeachment solapa a democracia brasileira, Dilma busca minar a legitimidade de Michel Temer aos olhos da comunidade internacional.
Falando na condição de presidente interino com a viagem de Dilma ao exterior, Temer disse que deixará o cargo com a volta da titular, no sábado, o que prova do funcionamento regular das instituições no país.
Temer expressou descontentamento com as recentes acusações de que esteja conspirando para destituir a presidente e tomar o lugar dela. “O fato de ela estar dizendo que eu sou um golpista é obviamente perturbador para mim e para a vice-presidência da República”, disse.
Numa variação ao Financial Times, Temer lembrou que Dilma perdeu, simultaneamente, base de sustentação no Congresso e apoio da população – ecoando pesquisa do Datafolha que mostrou que, no início do mês, 61% dos entrevistados apoiavam o impeachment.
“Quando ela me acusa de ser um conspirador ou um conspirador ou um golpista, eu me pergunto se eu realmente teria a capacidade de influenciar 367 deputados e 70% da população brasileira. Trata-se de algo sem o menor fundamento”, afirmou Temer.
Temer também se disse preparado para montar um novo governo no caso do Senado aprovar a continuidade do processo de impeachment, mas evitou mencionar quem pretende nomear. “Quando o tempo chegar, eu terei o governo na minha cabeça e só então vou anunciar os nomes”, disse.
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