Embora os últimos desdobramentos da Operação Lava Jato tenham fortalecido o grupo de peemedebistas que defende o rompimento com o governo federal do PT, o PMDB não deve aprovar oficialmente sua saída da coalizão neste sábado (12), durante a realização da sua convenção nacional em Brasília.
Líderes do PMDB têm indicado que, diante de um cenário político em ebulição, nenhuma medida extrema – como o desembarque da gestão Dilma – será colocada em votação na reunião, que apenas deve conduzir o vice-presidente da República, Michel Temer, à cadeira de presidente nacional da sigla.
Eles reconhecem, contudo, que o encontro deverá ser marcado por discursos fortes contra o governo federal. Dependendo do volume das críticas, o rompimento pode ser votado em uma nova reunião.
Do lado de fora, oposição e Planalto estarão atentos às sinalizações do PMDB, considerado a peça mais importante do xadrez do impeachment contra a presidente Dilma. O PMDB tem a maior bancada na Câmara dos Deputados. São quase 70 parlamentares filiados.
Na Casa, o partido está dividido e não é de hoje. Em dezembro, com a deflagração do impeachment contra a presidente Dilma pelas mãos do seu principal desafeto no PMDB, Eduardo Cunha (RJ), a divisão na bancada se aprofundou. Aliados de Cunha tentaram destituir o líder da bancada, Leonardo Picciani (RJ). Mas, em meados de fevereiro, com forte envolvimento do Planalto, Picciani conseguiu ser reeleito para a cadeira de líder. Um novo acirramento dentro do partido só foi ocorrer recentemente, com os desdobramentos da Lava Jato.
Picciani não deve recuar no apoio à presidente Dilma, mas o Planalto está de olho no presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que até agora tem servido de contrapeso importante diante do perfil beligerante do presidente da Casa ao lado. Renan manteve conversas com a oposição nesta semana e estaria se reaproximando do grupo de Temer, que tem disposição para romper com o governo federal.
PMDB volta a articular governo pós-Dilma com Temer na Presidência
Leia a matéria completaAo PMDB, a oposição tem destacado o fato de o partido poder assumir o comando do Executivo – via Michel Temer – a partir do impeachment da presidente Dilma. Isto não ocorreria se uma eventual destituição ocorrer, por exemplo, através de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a cassação da chapa completa, Dilma e Temer.
Sem nomes fortes para disputar as eleições de 2018, peemedebistas estariam vislumbrando a possibilidade de assumir o comando do País. Já a oposição, com o PMDB ao lado, ganharia força no processo de impeachment na Câmara dos Deputados. Opositores têm repetido nos bastidores que o processo no TSE “pode levar meses”, enquanto no Legislativo a situação “poderia ser resolvida em dez dias”.
Temer ensaiou rompimento com a presidente Dilma, no final do ano passado, mas depois recuou, temendo perder a presidência da legenda nas eleições deste sábado.
Paraná
Dos quatro deputados federais do PMDB pelo Paraná, apenas o deputado federal Osmar Serraglio defende o rompimento com o governo federal e o impeachment da presidente Dilma. Do outro lado, está João Arruda, Sergio Souza e Hermes Parcianello. No Senado, o ex-governador do Paraná Roberto Requião também defende a permanência da petista.