Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato no MPF: críticas e respostas ao governo federal.| Foto: Vivian Faria/Gazeta do Povo

Coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol acusou o governo federal de abuso de poder durante uma fala no ato de apoio ao juiz Sergio Moro, realizado na tarde desta quinta-feira (17) por iniciativa da Associação Paranaense dos Juízes Federais (Apajufe). “Os atentados à investigação revelam a extensão do abuso de poder e do descaso com o Estado Democrático de Direito na República”, disse ele aos funcionários da Justiça Federal, em Curitiba.

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A exaltação faz referência às conversas telefônicas entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva interceptada pela Justiça e divulgada no fim da tarde desta quarta-feira (16). O teor de uma delas foi interpretado como uma manobra de Dilma para “proteger o ex-presidente” de continuar a ser investigado pela Justiça Federal de Curitiba. Além disso, a presidente já havia sido acusada pelo ex-senador petista Delcídio do Amaral, mais novo delator do processo, de ter tentado interferir no andamento das investigações três vezes.

Acompanhado de outros membros da força-tarefa, Dallagnol afirmou ainda que as conversas telefônicas interceptadas “constituem evidências de obstrução à investigação, em uma guerra subterrânea e desleal travada nas sombras, longe dos tribunais” e que as tentativas de “amedrontar” os responsáveis pela investigação, incluindo o juiz federal Sérgio Moro, devem ser repudiadas. “O Ministério Público Brasileiro e a Justiça não se amedrontarão e darão fiel cumprimento à lei”, disse.

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Ato

O ato realizado em frente ao prédio da Justiça Federal, em Curitiba, contou com a presença dos funcionários da Justiça, que estavam vestidos com roupas pretas, e com manifestantes de diversos grupos de combate à corrupção. Antes de Dallagnol assumir o microfone, o vice-presidente da Apajufe, Nicolau Konkel, leu a nota emitida pela associação em defesa da “independência judicial”.

Após a leitura, Konkel afirmou que o ato era em defesa da Justiça, contra as tentativas de ameaça ao trabalho que está sendo realizado. “Nada justifica uma tentativa de ameaça ao trabalho de um juiz federal”, disse. Questionado que tipo de ameaça a Justiça estaria sofrendo, o vice-presidente da Apajufe disse que se tratam de ameaças de processos administrativos contra o juiz Sérgio Moro, cujas atitudes só podem ser julgadas pelo Superior Tribunal Federal.

Lado de fora

Antes, durante e depois do ato, manifestantes não ligados à Justiça Federal fizeram um protesto na rua em frente à sede da Justiça, com direito a panelaço, buzinaço, cartazes pedindo a prisão do ex-presidente Lula, Hino Nacional, distribuição de adesivos e a queima de uma bandeira vermelha.

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A partir das 19 horas, membros de diversos grupos devem fazer uma vigília em frente ao prédio da Justiça Federal.