O corpo do advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos será cremado nesse sábado (22) no Cemitério e Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. Márcio Thomaz Bastos morreu anteontem, aos 79 anos, em São Paulo, vítima de complicações pulmonares. O corpo do ex-ministro chegou ontem ao crematório, onde foi realizada uma cerimônia que reuniu amigos mais próximos e familiares do advogado.
Único político a comparecer à cerimônia de ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ter recomendado a seu ex-ministro cuidar da tosse nas duas conversas que teve com ele nos dez dias que antecederam sua morte. Além de ministro do ex-presidente, Thomaz Bastos era conselheiro de Lula.
"Acho que o Thomaz Bastos morreu precipitadamente, até mesmo porque, nos últimos dez dias, eu tinha falado com ele duas vezes para cuidar da tosse", disse Lula ao término da cerimônia, que durou cerca de 20 minutos. "Mas ele trabalhava demais. Ele tinha que trabalhar e pensava muito nisso."
Com os olhos marejados, Lula se referiu ao advogado e amigo como "o mais importante criminalista do País", por ter sido o "responsável pela recuperação da democracia brasileira".
"Acho que tem que ver o Márcio não como um advogado, mas como um ser humano, uma pessoa solidária, como um democrata que lutou incansavelmente para que a gente recuperasse a democracia", afirmou o ex-presidente ao mencionar a participação de Thomaz Bastos no processo do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992.
"Era alguém presente em todos os lugares, daqueles que não se esquece, que não se cria todo século e toda década."
Cortejo. Familiares do advogado vieram em cortejo da Assembleia Legislativa de São Paulo, onde ocorreu o velório, até o crematório. Lula chegou dez minutos depois, junto com alguns assessores. Ele consolou a viúva, Maria Leonor de Castro Bastos, que chegou de cadeira de rodas, e a única filha do advogado, Marcela Bastos.
A cerimônia de ontem foi restrita a parentes e amigos. O caixão foi levado a uma sala reservada, onde familiares prestaram a última homenagem ao criminalista ao som de músicas religiosas. Não houve discursos durante a cerimônia.
O ex-ministro foi velado e será cremado hoje vestindo sua "beca da sorte", usada por ele no julgamento dos assassinos do líder ambientalista Chico Mendes - executado em 1988. Na época, o advogado atuou como assistente de acusação. Além da "beca da sorte", Thomaz Bastos foi velado usando medalhas de santos católicos.
O velório de Thomaz Bastos na Assembleia Legislativa teve a presença da presidente Dilma Rousseff, ministros, senadores e muitos advogados amigos. O criminalista deixou a mulher, uma filha e dois netos.
A incineração do corpo de Márcio Thomaz Bastos ocorrerá hoje em obediência à legislação municipal, que prevê o armazenamento dos restos mortais em câmara fria por, no mínimo, 24 horas.
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