O corregedor da Câmara, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), apresentou parecer à Mesa Diretora da Casa nesta quinta-feira (5) no qual reconhece "existência de suficientes indícios" de quebra de decoro na conduta da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF). Aprovado, o relatório determinando a abertura de procedimento contra a parlamentar será enviado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar para ser anexado ao processo que já tramita no colegiado.

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Jaqueline Roriz aparece em vídeo ao lado do marido, Manoel Neto, recebendo dinheiro do delator do mensalão do DEM de Brasília, Durval Barbosa. A denúncia contra ela foi apresentada à Corregedoria da Câmara pelo PSOL, no dia 16 de março.

Em 14 páginas, o corregedor afirma que a "omissão" de Jaqueline Roriz em esclarecer os fatos justificaria o encaminhamento do caso ao Conselho de Ética: "Diante da omissão da Representada em prestar esclarecimentos à Mesa acerca de todas as denúncias, nos resta reconhecer a existência de suficientes indícios que justificam e exigem a atuação do Conselho de Ética, pela prática de atos atentatórios à moralidade administrativa e ao decoro parlamentar e merecedores de investigação e esclarecimento em procedimento político-disciplinar específico."

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Além do vídeo em que aparece com Durval Barbosa, a deputada do PMN também é alvo de denúncias de recebimento de propina para ter votado a favor do Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal.

A deputada também é acusada de ter utilizado verba da Câmara para alugar uma sala comercial de propriedade do próprio marido.

Em defesa de Jaqueline Roriz, os advogados da parlamentar argumentaram que a denúncia apresentada ao corregedor deveria ser arquivada, uma vez que já tramita no Conselho de Ética da Câmara um processo contra a deputada do PMN.

Sobre as denúncias de recebimento de propina para votar um projeto no tempo em que ainda era deputada distrital, a defesa de Jaqueline argumentou que o fato ainda que "improcedente" não poderia ser analisado pelo corregedor, uma vez que teria ocorrido antes da diplomação da deputada no Legislativo federal.

Ainda no parecer, o corregedor argumenta que a "falta de apuração" das denúncias representaria "excessivo ônus para a imagem e dignidade" institucional da Câmara e sacrificaria o "respeito e prestígio perante os eleitores".

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Bolsonaro

Outro parlamentar denunciado à Corregedoria da Câmara, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) responde a cinco procedimentos no órgão por acusações de atos de racismo e homofobia praticados durante entrevista a um programa de televisão. Em resposta à apresentadora e cantora Preta Gil, o deputado do PP classificou como "promiscuidade" a possibilidade de seu filho se relacionar com uma mulher negra. Na mesma entrevista, o deputado fez também ataque a homossexuais e disse que torturaria seu filho se o pegasse fumando maconha.

O corregedor Eduardo da Fonte notificou Bolsonaro a apresentar defesa nesta quinta para as denúncias. O deputado do Rio de Janeiro terá cinco dias para entregar esclarecimentos.

Em 13 de abril, Bolsonário já havia protocolado na Corregedoria defesa para denúncias protocoladas no órgão. A nova notificação ocorreu porque um novo procedimento foi apresentado ao corregedor após a entrega da defesa do deputado do PP.

O documento apresentado à Corregedoria da Casa tem 13 páginas e foi elaborado pelo próprio deputado. Bolsonaro afirmou que a linha de argumentação "não era uma defesa" porque ele não teria cometido crime. O documento, segundo ele, era uma "explicação".

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Entre os argumentos apresentados à Corregedoria para rebater a acusação de racismo, o deputado do PP afirmou que "se equivocou" ao interpretar a pergunta que lhe foi feita sobre a possibilidade de seu filho se relacionar com uma mulher negra.

Sobre a acusação de homofobia, Bolsonaro se intitulou "defensor da família brasileira" e disse que iria continuar lutando contra o "tsunami cor-de-rosa" no país. "A única coisa importante que aconteceu nesse episódio foi a gente conseguir denunciar o tsunami cor-de-rosa proposto pelo governo em escolas públicas do primeiro grau com a distribuição do 'kit gay'. Vou continuar a minha luta contra esse tsunami cor-de-rosa", afirmou Bolsonaro.

O corregedor da Casa, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), terá agora 45 dias para analisar os pedidos de investigação contra Bolsonaro e os argumentos apresentados pelo próprio parlamentar. O corregedor deve decidir entre arquivar os pedidos ou enviar o caso ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa para que seja aberto processo por quebra de decoro contra Bolsonaro.