Em reação à denúncia divulgada pela revista Veja, de que agentes da Abin teriam gravado pelo menos uma conversa telefônica do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, o presidente da CPI dos Grampos, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), decidiu antecipar para terça-feira o depoimento do chefe da seção de Operações especiais da corte, Aílton Carvalho de Queiroz. Ele assinou relatório que apontou indícios de monitoramento ambiental na sala do principal assessor de Gilmar Mendes.
Itagiba também vai apresentar na terça requerimento propondo a convocação do segundo homem na hierarquia da Abin, José Milton Campana, para prestar depoimento à CPI. Segundo a assessoria, o objetivo é buscar novos esclarecimentos a respeito da cooperação dada pela Abin à Polícia Federal na operação Satiagraha, que investigou o banqueiro Daniel Dantas.
O indício de monitoramento foi detectado no dia de 10 julho, um dia depois que Gilmar Mendes concedeu o primeiro habeas-corpus para soltar o banqueiro, preso durante a operação. O relatório apontou a existência de um sinal "altamente suspeito", que levou à suspeita de um possível monitoramento externo nas proximidades do edifício tribunal. O depoimento de Queiroz havia sido aprovado, mas a data não fora marcada ainda.
Segundo a assessoria de Itagiba, a convocação do segundo homem da Abin tem o objetivo de aprofundar as investigações da CPI a respeito da cooperação entre a agência e a Polícia Federal na Satiagraha. Em seu depoimento à CPI, há cerca de dez dias, o diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, informou que a cooperação entre os dois órgãos envolveu, entre outros aspectos, a identificação do principal local de trabalho de Humberto Braz, um dos auxiliares de Dantas. Lacerda e informou que Campana teria mais detalhes a respeito de fatos envolvendo a cooperação. Para que a convocação ocorra, o requerimento terá que ser aprovado pelos integrantes da CPI.
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