A CPI dos Correios poderá promover uma acareação entre quatro investigados pela suspeita de lavar dinheiro para o esquema do mensalão. Sub-relator de movimentações financeiras, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) irá propor que sejam postos frente a frente os empresários Marcos Valério e Enivaldo Quadrado, dono da corretora Bônus-Banval; e os doleiros Najun Turner e Carlos Alberto Quaglia, dono da corretora Natimar. O objetivo é tentar descobrir novas pistas da origem e do destino dado ao dinheiro que abasteceu o esquema.
Em depoimento na CPI, nesta terça, Quaglia admitiu que sua empresa foi usada pela Bônus-Banval para lavar dinheiro. A Natimar recebeu R$ 6,5 milhões de duas firmas de Valério (2S e Tolentino) em sua conta na Bônus-Banval. O dinheiro, segundo ele, foi usado por Najun Turner para aplicações em ouro na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BMF), retornou à Natimar e depois foi distribuído em 139 transferências bancárias. Entre os beneficiários destes recursos estão a mulher o filho de Turner, pessoas ligadas ao deputado José Janene (PP) e empresas que produzem eventos para campanhas eleitorais, como showmícios.
Também em depoimento na CPI, Turner sustentou a versão de que Enivaldo Quadrado tentou envolver a Natimar no esquema de Marcos Valério.
- Acredito que o Enivaldo, em um momento de desespero, tenha encaixado um dos clientes para explicar a elevada movimentação financeira da corretora - disse.
Pela hipótese de Turner, o sócio da corretora estaria protegendo outros clientes, que seriam os reais envolvidos no esquema. No entanto, o doleiro ponderou que nunca escutou o nome de Marcos Valério na Bonus-Banval. Turner também não soube explicar porque Quadrado teria escolhido a Natimar. O doleiro comentou apenas saber que a situação financeira da Bonus-Banval estava muito complicada no ano passado.
O deputado Gustavo Fruet vai defender que a acareação seja realizada na Polícia Federal, com as portas fechadas.