• Carregando...

Preocupado com a negativa do PSDB à proposta da equipe econômica para aprovar a prorrogação da CPMF até 2011, o governo passou a negociar no "varejo" o apoio de senadores indecisos da base aliada.

A articulação tem endereço certo: um grupo de parlamentares que já se manifestou contra a prorrogação do tributo ou que demonstra indecisão sobre o procedimento que adotará no plenário. "Nós estamos passando o pente-fino. O trabalho é um a um", explica a líder do bloco de apoio ao governo, senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

O governo precisa de 49 votos para aprovar a prorrogação da CPMF plenário do Senado. A base aliada é composta, em tese, por 53 parlamentares. O Planalto contabiliza que pode ter "surpresas negativas" com pelo menos seis senadores.

O sucesso da estratégia permitira ao governo garantir a prorrogação da CPMF contando com um número mínimo de votos da oposição. "É fundamental que o governo esteja unificado na base para votar essa matéria. O que se avançou até agora é suficiente para que possamos debater o tema com a sociedade", avalia o líder do PSB, Renato Casagrande (ES).

PDT

Uma das maiores preocupações do governo é a bancada do PDT, formada por cinco senadores. Nessa terça-feira (6), três integrantes da bancada pedetista manifestaram incômodo com a aproximação do Planalto com o PSDB e o "esquecimento" de senadores da própria bancada aliada. São eles: Cristovam Buarque (DF), Osmar Dias (PR) e Jefferson Péres (AM), que lidera a bancada.

O senador Osmar Dias (PDT-PR), por exemplo, era um dos mais irritados no início do dia. Alegava que o governo não se preocupa com sua base e corre o risco de pagar um preço "alto" pela desatenção.

"O PDT tem cinco votos e parece que não tem importância. O que nós queremos não é barganhar cargo em governo nem obter favores. O que pretendemos é discutir onde está sendo aplicado esse dinheiro da CPMF. Continuando assim, votaremos contra, mesmo diferentemente da orientação do partido", disse Osmar Dias.

Dias estava descontente por conta da Lei do Estágio, relatada por Ideli Salvatti e por Raimundo Colombo (DEM-SC). O corpo do projeto é fundamentado em uma proposta do pedetista apresentada em 2003.

O governo percebeu o recado e trocou o descaso pelo afago. Durante a votação da lei do estágio, no plenário, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), admitiu que a proposta de Osmar Dias, apresentada em 2003, tinha precedência sobre o texto de Ideli e de Colombo. Ambos permitiram que a "paternidade" da proposta fosse dividida com o colega do PDT.

Para agradar Cristovam Buarque, o governo negocia com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a aprovação na Casa da proposta que eleva o piso do magistério. O texto tramita nas comissões, no entanto, como está com regime de urgência, pode ser levado ao plenário imediatamente.

Chinaglia já concordou com a prioridade da matéria e pediu mais alguns dias para levá-la à votação. Antes, deverá apreciar outras propostas, como a emenda constitucional que estabelece novos critérios de custos e de composição nas câmaras municipais.

Quase impossível

Entre os líderes aliados do governo existe uma unanimidade: é praticamente impossível convencer os senadores Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) a votarem favoravelmente à CPMF.

Jarbas alimenta uma mágoa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por conta da falta de diálogo nos últimos anos da gestão dele no governo de Pernambuco. Mozarildo é inimigo político do líder do governo, Romero Jucá. "50% dos problemas dele se chamam Romero. A outra metade se chama Jucá", explica um governista.

Na lista dos votos remotos está o senador Mão Santa (PMDB-PI). O parlamentar está "muito longe do governo", diz uma liderança da base. Outro importante ator das negociações pela aprovaçao da CPMF, perguntado diretamente sobre a perspectiva de voto de Mozarildo e de Mão Santa, respondeu: "Acho que o voto desses dois é muito difícil."

O PMDB fechou questão favoravelmente à prorrogação da CPMF até 2011. O partido, no entanto, não pretende punir os 'infiéis'. "Não vejo espaço para isso", disse o líder Valdir Raupp (RO). "Não me parece que esta é a prática do PMDB", completou o senador Edison Lobão (MA), que acaba de sair do Democratas para integrar a base do governo.

Governadores

Para atrair o indeciso Pedro Simon (PMDB-RS), o governo confia na mesma estratégia que utiliza para convencer parte da bancada do PSDB no sentido de votar pela prorrogação do tributo.

Trata com os governadores e confia no poder de convencimento deles sobre a bancada. Por enquanto, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Cruisus (PSDB), não fez nenhuma articulação mais incisiva junto à bancada gaúcha para garantir votos pela aprovação da matéria. "Ela não liga, mas já demostrou publicamente que é a favor da prorrogação da CPMF", disse um dos três senadores da bancada gaúcha.

A tática do corpo-a-corpo também vale para senadores tucanos, que estão ligados aos governadores interessados na prorrogação do tributo. Na mira do Planalto está Eduardo Azeredo (MG), que poderia, no entendimento dos interlocutores do governo, ser convencido pelo governador Aécio Neves.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]