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Cunha também tem  dito que pode renunciar à presidência da Câmara. | Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
Cunha também tem dito que pode renunciar à presidência da Câmara.| Foto: Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados

Acuado com a aprovação do pedido de cassação no Conselho de Ética e com chances reduzidas de salvar seu mandato no plenário da Câmara, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tem relatado a aliados que considera a hipótese de colaborar com a Justiça e com os investigadores da Operação Lava Jato por meio de delação premiada. A possibilidade de renunciar à presidência da Câmara também está sendo avaliada por Cunha.

Para congressistas, porém, ao deixar circular a informação sobre a possibilidade de uma delação casada com a renúncia, o peemedebista indica a parlamentares e ao Palácio do Planalto que não cairá sozinho. Sua estratégia visa a diminuir a pressão do Poder Judiciário contra ele e estancar a sucessão de fatos negativos divulgados diariamente sobre o deputado e sua família. Oficialmente, Cunha nega a intenção, porque, segundo ele, “não praticou crime nenhum e não tem o que delatar”.

Sucessão

As chances de que o deputado afastado se salve são consideradas mínimas. Tanto que ontem as articulações para a sucessão dele na presidência da Câmara foram intensificadas. As conversas, até então discretas, entraram na fase de discussão de possíveis nomes de candidatos para a eleição do sucessor do peemedebista.

A atual e a antiga oposição na Câmara voltaram a se encontrar pela quarta vez para discutir o assunto. PT, PC do B, PDT e Rede e PSDB, DEM, PPS e PSB debateram a indicação de um candidato único apoiado pelos dois grupos para se opor ao nome que será apresentado pelo Centrão – formado por 13 partidos e liderado por PP, PSD, PR e PTB. “As discussões estão avançando. A ideia é criar algum grau de unidade entre a antiga e a atual oposição”, disse José Guimarães (PT-CE).

Alguns nomes já foram colocados, como os dos deputados José Carlos Aleluia (DEM-BA), Rodrigo Maia (DEM-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG), Antônio Imbassahy (PSDB-BA) e Arlindo Chinaglia (PT-SP). No Centrão, ganharam força os nomes dos deputados Esperidião Amin (PP-SC), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Jovair Arantes (PTB-GO) e Rogério Rosso (PSD-DF). Estes dois últimos, contudo, dizem que não têm interesse em disputar um mandato tampão na Câmara.

A disputa entre Centrão e a antiga oposição deve causar mais uma vez um racha na base aliada do presidente em exercício Michel Temer. Os dois grupos vão cobrar apoio de Temer no pleito. Essa disputa entre os grupos vem desde a escolha do líder do governo na Casa, quando Temer preteriu um nome do DEM e escolheu André Moura (PSC-SE).

Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), próximo foro de embates entre aliados e adversários de Cunha, seus membros dizem que o colegiado é técnico e só atenderá eventual recurso de Cunha se for identificado “vício formal muito forte” no processo conduzido pelo conselho. Eles lembram que desde a criação do Conselho de Ética, em 2001, a CCJ nunca deu provimento integral a recurso de representado.

Baixa

Antigo aliado de Cunha, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) deixou a relatoria dos recursos que o peemedebista havia impetrado na CCJ para evitar ser atrelado ao presidente afastado da Câmara. O presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR), está com dificuldades para encontrar o substituto.

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