Na reunião que teve com líderes da oposição na manhã desta terça-feira (13), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não escondeu sua irritação com as últimas medidas adotadas por eles.
Segundo relatos dos participantes, Cunha disse que não era possível confiar na oposição, deixou claro que ficou contrariado com a nota emitida pelos líderes dos partidos na Câmara pedindo seu afastamento e disse que, hoje, sofre ataques tanto do lado do governo, como dos que querem a queda da presidente Dilma Rousseff.
Ainda de acordo com parlamentares que participaram da reunião, Cunha afirmou que, se der início ao processo de impeachment de Dilma agora, “no dia seguinte” a oposição o tira da chefia da Câmara.
O peemedebista também teria reclamado do vazamento sistemático do teor das conversas que tem com nomes da oposição. Ele teria dito que isso compromete as estratégias traçadas e dá espaço para a articulação de contra-ataques.
Nesta terça, PSOL e a Rede protocolaram um pedido de cassação do mandato de deputado de Cunha. O pedido é mais radical que a posição defendida pelos líderes oposicionistas, que apenas cobraram que ele deixe o cargo de presidente da Câmara “até mesmo para que ele possa exercer, de forma adequada, seu direito constitucional à ampla defesa”. A solicitação do PSOL e da Rede foi assinada por 46 deputados.
Apenas quatro integrantes dos principais partidos de oposição colocaram o nome na representação -três do PSB e um do PPS. Não há nenhuma assinatura de deputados do PSDB ou do DEM.
A representação lista a série de suspeitas que pesam contra Cunha, que foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República sob a acusação de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.
Recentemente veio à tona a informação de que o deputado e familiares são beneficiários de contas secretas na Suíça, que também teriam sido irrigadas pelo dinheiro desviado da estatal.