O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quinta-feira (7) que o PT cumpriu apenas “80% do trato” com o governo federal ao participar da aprovação de uma das medidas provisórias do ajuste fiscal em tramitação no Congresso. Cunha afirmou que parte da bancada petista “fugiu” do plenário para não ser obrigada a votar contra os interesses de trabalhadores brasileiros.
Dos 64 deputados do PT, 54 -ou 84%- acompanharam a orientação do partido e votaram a favor da medida. Nove deles não compareceram à sessão. Weliton Prado (MG) foi o único a votar contra o projeto.
“O PT só cumpriu 80% do trato. Uma parte dos petistas fugiu do plenário para não votar e ficar mal com seus eleitores. Os nove que estavam na sessão e fugiram para não contrariar seus eleitores, deveriam assumir publicamente suas posições. O PMDB queria que o PT assumisse a defesa do ajuste. Eles assumiram mas não entregaram todos os votos”, afirmou Cunha.
O peemedebista disse que a MP só foi aprovada porque deputados da oposição assumiram o desgaste de votar a favor do ajuste fiscal. “Os votos das oposições foram fundamentais para a aprovação da MP 665.”
No partido de Cunha, porém, houve mais “traição” que entre os petistas. Dos 67 deputados peemedebistas, só 50 -ou seja, 75%- votaram pela aprovação da proposta. Houve três abstenções, e 13 deputados votaram contra o ajuste. Cunha também não votou, mas seu caso é diferente; não pôde votar por ser o presidente da Casa.
Margem apertada
A Câmara aprovou na noite desta terça (6) o primeiro item do ajuste fiscal por estreita margem: apenas 25 votos de vantagem.
Por 252 votos a 227, os deputados federais aprovaram a medida provisória 665, que traz como principal medida o aumento do tempo de trabalho para que a pessoa requeira pela primeira vez o seguro-desemprego: de seis para 12 meses. O governo queria originalmente 18 meses, mas foi obrigado a recuar.
Cunha disse que a Casa deve concluir nesta quarta a votação de destaques à medida provisória, com sugestões de mudanças no texto principal aprovado pelos deputados.
Parte da oposição apoiou a aprovação da MP do ajuste fiscal. O DEM deu 8 de seus 22 votos para o governo, apesar da comandar uma ferrenha oposição ao projeto. O inusitado apoio se deu após negociação que teve a participação do vice-presidente Michel Temer, o articulador político do governo, e do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).
Líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO) fez duras críticas ao apoio de deputados do partido à MP. “Foi deprimente ver o partido agir assim. Cabe a nós pedirmos desculpas por essa traição ao sentimento da população brasileira. Foi algo que nos machucou profundamente, mas nem por isso tira o nosso ânimo e determinação. A sociedade precisa entender que os que ficarem no partido continuarão na oposição.”
Caiado disse que os defensores da fusão do DEM com o PTB poderá levar o partido para o “colo” do governo federal -o que se comprovou na votação do ajuste fiscal. “Se os parlamentares que se comprometeram com a oposição tivessem votado contra a MP do PT, teríamos encurtado esse governo e definido um novo rumos para o país.”
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