Investigados pela Operação Lava Jato, os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), estão fazendo ameaças veladas ao Planalto na expectativa de que o governo contenha a investigação da Polícia Federal (PF). Em jogo está a aliança do PMDB com o PT, a votação de projetos que desagradam ao governo, a instalação de CPIs contrárias ao Planalto e a possibilidade de o impeachment da presidente Dilma Rousseff ser colocado em votação no Congresso.
Investigação da escuta ilegal na sede da PF está perto do fim
- Brasília
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse à CPI da Petrobras nesta quarta-feira (15) que as investigações sobre a escuta ilegal colocada na cela do doleiro Alberto Youssef na sede da Polícia Federal no Paraná estão sob sigilo de investigação da corregedoria da PF.
Cardozo afirmou que não tem conhecimento do andamento das apurações, mas lembrou que a primeira notícia foi de que foram instaladas escutas no colchão e no forro da cela de Youssef. O assunto resultou em instauração de inquérito e acabou sendo encaminhado à Corregedoria.
Caso seja comprovada a existência de escuta ilegal, Cardozo defendeu a punição dos envolvidos. “Escutas ilegais jamais podem ser feitas”, declarou. Sobre a escuta encontrada no fumódromo da sede da PF em Curitiba, o ministro disse que a investigação também está sob sigilo, mas que deve ser concluída em breve.
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Em resposta, mas sem citar as movimentações de bastidores, o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, disse nesta quarta-feira (15) na CPI da Petrobras que jamais atuará no cargo para controlar ou direcionar investigações da PF. O órgão é subordinado ao Ministério da Justiça, mas tem autonomia operacional. A resposta de Cardozo veio apenas um dia após a PF ter realizado ações de busca e apreensão na residência de três senadores e um deputado investigados pela Lava Jato.
“Enquanto eu estiver [no cargo], o ministro de Estado da Justiça jamais atuará no sentido de controlar ou direcionar as investigações”, afirmou Cardozo. Ele ressaltou que, pela legislação, não lhe cabe intervir na condução de inquéritos, podendo apenas determinar a abertura deles, quando existirem requisitos legais. Afirmou que atua na fiscalização da atuação da PF para verificar se existem abusos de autoridade ou alguma ilegalidade. Cardozo disse ainda que eventual ação do ministro para direcionar ou controlar as investigações poderia levá-lo responder por isso criminalmente.
Reportagem desta quarta-feira do jornal Folha de S.Paulo revelou que Eduardo Cunha avisou ao vice-presidente Michel Temer que irá instalar CPIs prejudiciais ao governo na volta do recesso parlamentar. Estão na fila as do BNDES e dos fundos de pensão. Após a publicação, Cunha negou que tenha feito a ameaça para que o governo tente conter a PF.
Cunha, no entanto, ainda nesta quarta mandou outros recados ao Planalto. Disse que a relação do PMDB com o PT “já acabou”. Ele afirmou que seu partido ainda está na base de Dilma porque tem “responsabilidade com a governabilidade”, mas comparou a relação a um casamento em que o casal “dorme em quartos separados” – indicando que o PMDB pode deixar a base a qualquer momento. Nos bastidores, o PT teme ainda que Cunha coloque em votação no plenário da Câmara um eventual pedido de impeachment de Dilma Rousseff.
Renan Calheiros também procurou intimidar a Polícia Federal nesta quarta-feira. Disse que estuda ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) com medidas judiciais contra a ação da PF. Para ele, quem tem de atuar para fazer buscas e apreensões em residências de senadores seria a Polícia Legislativa, que Renan diz ter sido “atropelada” pelos policiais federais na ação realizada na terça-feira.
O presidente do Senado ainda disse que pretende se reunir com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, para discutir a ação da Polícia Federal . A operação policial da terça-feira contra políticos com foro privilegiado foi autorizada pelo STF. “Vou procurar o ministro Lewandowski, vou fazer uma visita a ele, conversar um pouco sobre essa conjuntura”, afirmou Renan. Nesta quarta, o senador alagoano também defendem o rompimento da aliança do PMDB com o PT, mas apenas para as eleições presidenciais de 2018 – quando os peemedebistas teriam candidato próprio.
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