O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem em mãos uma lista com seis nomes da qual escolherá um para enfrentar seu ex-aliado Leonardo Picciani (RJ), atual líder da bancada, e Leonardo Quintão (MG) na disputa pela liderança do partido na Casa. A definição deve sair ainda nesta terça-feira (19), após conversas que Cunha tem agendadas com alguns correligionários.
A intenção de Cunha é escolher um terceiro nome de perfil mais governista para dividir os votos de Picciani, que passou a ser desafeto do presidente da Câmara ao se aproximar do governo, em outubro do ano passado. Picciani indicou dois nomes na reforma ministerial realizada àquela época e passou a ser escolhido do Planalto para suceder Eduardo Cunha, caso ele seja afastado do cargo graças às acusações de envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato .
Na tarde desta terça-feira, Quintão e Picciani devem se reunir na liderança do PMDB na Câmara para fechar as regras da eleição. A principal divergência até agora segue em relação ao número de votos necessário, em caso de reeleição. Enquanto o deputado fluminense defende que o candidato precisa de apenas maioria absoluta (34 votos), o parlamentar mineiro defende mínimo de 2/3 (44 votos) para que um peemedebista se reeleja.
Impasse mineiro
Sem apoio da bancada de Minas Gerais para concorrer à liderança do PMDB na Câmara, Leonardo Quintão tentará se descolar da defesa do impeachment para conseguir apoio de parlamentares do partido.
Apesar de ser apoiado por um grupo formado em sua maioria por peemedebistas contrários ao governo, Quintão usará como estratégia o discurso de que sua candidatura não é contra ou a favor do afastamento da petista, mas, sim, “pró-PMDB”.
Após mais de três horas de reunião na segunda-feira (18)< a bancada mineira do PMDB não chegou a um consenso sobre como deve se posicionar na disputa pela liderança da sigla na Casa. Sem acordo, o deputado Newton Cardoso Júnior (MG) retirou sua candidatura, enquanto Quintão reafirmou que disputará o posto contra Leonardo Picciani, que tenta ser reconduzido. Diante do impasse, o presidente estadual da sigla e vice-governador de Minas, Antônio Andrade, liberou a bancada a votar em quem quiser.
Apoiado pelo grupo pró-impeachment – inclusive do próprio Eduardo Cunha –, Quintão conseguiu votos para destituir Picciani da liderança do partido e assumiu o comando da bancada durante uma semana no fim do ano passado. Com ajuda do governo, Picciani conseguiu recuperar a maioria dos votos e retomou a liderança.
“O Picciani tem propagado que minha candidatura é pró-impeachment, mas ele está mentindo. Minha candidatura será pró-PMDB. Não cabe a mim ser contra ou a favor de impeachment, mas apenas conduzir o processo”, afirmou Quintão. Segundo o deputado mineiro, Antônio Andrade se comprometeu a procurar nos próximos dias o Palácio do Planalto, que defende a reeleição de Picciani, para reiterar que a candidatura dele não é pró-impeachment.
Ao adotar discurso de neutralidade em relação ao afastamento de Dilma, Quintão tenta obter apoio de deputados do PMDB que podem votar nele, mas têm receio de apoiá-lo e ficarem com a pecha de “pró-impeachment”.
A estratégia de descolar a disputa pela liderança do PMDB do processo de afastamento de Dilma já tinha sido sugerida pelo vice-presidente Michel Temer, presidente nacional da sigla, durante encontro com deputados da ala contrária ao governo, na semana retrasada.
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