O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou a desocupação de três salas da Casa usadas por funcionários da Procuradoria-Geral da República (PGR), do Executivo e do Judiciário.
Eles têm prazo de 30 dias para entregar os cômodos vazios. A justificativa oficial é a necessidade de se ter mais espaço para instalar novas comissões.
A reportagem apurou que o primeiro órgão a ser avisado, informalmente, foi a PGR, em maio. Isso despertou suspeitas nos servidores de que a medida tivesse por objetivo retaliar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pelas investigações contra o peemedebista.
Posteriormente, a PGR recebeu um ofício, enviado também às demais instituições, no final de junho.
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O presidente da Câmara é alvo de um inquérito aberto no STF (Supremo Tribunal Federal), a pedido de Janot, por indícios de participação no esquema de corrupção da Petrobras.
Desde que o procedimento foi instaurado, Cunha passou a atacar publicamente o procurador-geral da República, afirmando que Janot fez escolhas políticas a respeito de quem investigar.
Na cadeira da presidência desde o início do ano, o deputado fluminense vem atuando na contramão dos interesses do governo Dilma Rousseff, travando constantes embates com o Palácio do Planalto.
Diálogo
Assessorias do Executivo, do Judiciário e da PGR na Câmara são responsáveis por estreitar o diálogo com os parlamentares e acompanhar projetos e discussões de interesse de suas instituições.
A sala do Executivo é usada por equipes vinculadas a ministérios. No Judiciário, há assessores do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, do Ministério Público do Trabalho e do Ministério Público do Distrito Federal.
Na condição de anonimato, servidores afirmaram que a medida dificultará o trabalho deles e, possivelmente, dos parlamentares. É comum deputados buscarem esses representantes dos ministérios, do Judiciário e do Ministério Público para tratarem de demandas junto aos órgãos.
Outro lado
Eduardo Cunha afirma não ter nada contra ninguém e que, enquanto não houver uma ampliação das instalações da Casa, não tem sentido manter espaços para os outros, de graça.
Questionado se a medida não pode afetar as relações institucionais da Câmara, o presidente diz que não se pode prejudicar o Legislativo em benefício de terceiros. “A Câmara tem espaço dentro de outros órgãos de graça? Eles vão defender os seus interesses às custas do nosso sacrifício? Podem fazê-lo, sem ficarem lá dentro”, concluiu Cunha.