O secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira, disse nesta quinta-feira que a Cúpula da Segurança Pública do Estado do Rio sabia que os bandidos estavam organizando dos ataques que atingem a cidade desde a madrugada desta quinta-feira e já causaram pelo menos 18 mortes. Nesta tarde, mais três ônibus foram atacados.

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- Recebi no dia 26 do Serviço de Inteligência da Polícia uma informação de que eles iriam atacar policiais em represália à atuação de milícias nas comundidades que estariam expulsando traficantes . Documento produzido pela inteligência da própria Segurança - afirmou.

Pereira negou que sua provável saída do governo ternha sido a causa dos ataques, rebatendo as afirmações do secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Precioso. O secretário de Segurança afirmou que os bandidos estariam preocupados com a mudança de governo e eventuais alterações que possam ser feitas no comando da administração penitenciária, com a mudança de governo.

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- Estamos vivenciando mudança de governo e mudando o secretário de administração penitenciária. O motivo principal dos ataques seria a mudança no sistema penitenciário. Eles (os bandidos) estão fazendo pressão para negociar com o novo governo concessões e privilégios. O temor deles, por exemplo, é que seja adotado um regime disciplinar mais duro. E isso eles querem evitar a todo preço - explicou Precioso.

Segundo Astério Pereira, o que está havendo é uma reação das quadrilhas contra a presença de milícias. Grupos formados por policiais que estão fazendo repressão ao tráfico em algumas favelas, substituindo a segurança pública. Segundo Pereira, eles cobrariam propina dos moradores para expulsar os traficantes.

Astério Pereira afirmou ainda que Precioso foi mal interpretado quando disse que os ataques estão ligados à troca de comando na Secretaria de Administração Penitenciária.

O comando da Policia Militar não quis falar sobre a possibilidade de os atentados terem sido uma represália à prisão, na última sexta-feira, de 75 PMs acusados de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis. O ex-chefe da Polícia Civil, delegado Àlvaro Lins, também é acusado de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis.

Para a governadora do Rio, Rosinha Garotinho, apesar das mortes registradas com os ataques de bandidos em vários pontos do Rio, os criminosos não conseguiram atingir o objetivo inicial deles.

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- Quero informar que nós (governo), pelo Sistema de Inteligência da Polícia, monitoramos e tomamos as providências de colocar estrategicamente a polícia na rua. O que a bandidagem queria fazer no Rio era reeditar São Paulo (referindo-se aos ataques do PCC no estado), não conseguiram e não conseguirão, porque estamos atentos - garantiu a governadora, que emendou:

- A idéia era matar centenas policiais e dezenas de pessoas inocentes. Lamento muito pelas mortes que já ocorreram. O que eles querem é acabar com o regime diferenciado de dentro dos presídios, que nós não abrimos mão, e não concordamos e não vamos negociar com bandidos.

Já o governador eleito do Rio, Sérgio Cabral Filho, considerou que os ataques foram uma atitude do crime organizado tentando intimidar o poder público, mas não sabe se foram uma reação à chegada de seu governo. Segundo ele, a partir de posse, a polícia vai trabalhar com inteligência e policiamento ostensivo para evitar este tipo de ação de bandidos nas ruas.

Providências

Sérgio Cabral disse que não vai se intimidar e nem tolerar a violência usada nos ataques realizados no Rio. Ele disse que vai reforçar o policiamento ostensivo e, se for necessário, pode acionar uma força de segurança pública do governo federal, composta por policiais militares, que está sempre à disposição de autoridades estaduais.

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- Temos que prestigiar as polícias, mas não vou titubear em chamar a Força Nacional. Faço isso no dia seguinte, se achar necessário. É preciso manter o princípio da autoridade e não pode haver intimidação. Não dá para usar sociologia barata numa hora dessa. Facínora tem que ser tratado como facínora.

Roberto Precioso informou que foram tomadas medidas após os ataques para isolar os chefes das facções criminosas que estão presos. O objetivo é impedir a comunicação deles com os comparsas que poderiam cumprir ordens vindas dos predídios. Precioso se preocupou em tranqüilizar a população:

- As principais lideranças do crime organizado, encarceradas, foram isoladas. A comunicação da liderança com a bandidagem, conseguimos refrear. A PM está envolvida em diversas operações. Dez favelas estão com contenção. A população pode ficar tranqüila, porque a ordem será mantida. Vamos cumprir nossa missão constitucional até o último homem - afirmou.

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