Diante da resistência do governador de São Paulo, José Serra, de se lançar oficialmente candidato à Presidência, a cúpula do PSDB resolveu colocar o "time em campo" e estipulou os dias posteriores ao carnaval como prazo para desatar os nós nos palanques regionais. A expectativa é de que até lá Serra - já chamado pelos caciques tucanos de "o candidato" - mergulhe mais incisivamente nas articulações pelo País de modo a dar peso às costuras eleitorais.

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Presente a almoço nesta segunda-feira na casa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, o governador mineiro, Aécio Neves, voltou a dizer que sua prioridade é a eleição em Minas, fechando momentaneamente a porta para aceitar disputar a vice na chapa encabeçada por Serra. A cúpula do partido trabalha como plano principal convencer Aécio a ser vice.

A ideia, no entanto, é não pressionar Aécio nem melindrá-lo a ponto de que seja sem volta sua decisão de disputar o Senado - apesar das negativas do mineiro, parte da cúpula acredita que ainda é possível convencê-lo da missão. "Servimos carne assada e cuscuz à paulista. O Aécio é muito mineiro, precisa comer pratos paulistas", brincou FHC, na saída do encontro.

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Serra não participou do almoço, mas conversou por telefone, logo após o encontro de duas horas, com o presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), presente na reunião.

"Agora, passado o fim do ano, com a definição clara de Aécio, o governador Serra é o candidato. Acabou. Agora é conversar para articular um trabalho efetivo. Trabalho de mobilização", afirmou o senador Tasso Jereissati (CE), que também estava no almoço. "Hoje a hipótese com que se trabalha é a candidatura de Serra. Quando Aécio disse que não era mais candidato, as coisas ficaram mais dirigidas para Serra", reforçou Guerra.

Serra tem dito ser contra a antecipação da campanha eleitoral. Mas o clima no almoço era de que os tucanos precisam marcar posição. "Vamos montar o bloco para o carnaval", disse Aécio. Guerra endossou as declarações ao afirmar que o momento é de "atuação ofensiva" e "de mobilizar e colocar o time em campo". Até Fernando Henrique usou expressão futebolística, ao dizer que "o time está se preparando para entrar em campo".

Com uma visão um pouco mais cautelosa, no entanto, Guerra jogou para pouco depois do carnaval a solução dos principais impasses regionais, que hoje se concentram no Rio, Amazonas e Ceará. Cotado para concorrer ao governo do seu Estado, Tasso disse no almoço que não tem interesse na disputa.

Vice

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Ao comentar a possibilidade de Aécio aceitar ser vice, Tasso deu o tom de como o tema foi tratado no encontro de ontem. "Acho muito difícil. Difícil e improvável", declarou, na saída do almoço. Um dos principais entusiastas da dobradinha Serra-Aécio, FHC garantiu que o partido não insistiu ontem com a tese puro-sangue. "Ninguém está insistindo. Estamos tranquilos. Queremos ganhar a eleição", disse o ex-presidente.