Em uma reunião prévia com os seis governadores do partido em sua casa nesta terça-feira (3) pela manhã, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG) discutiu os 15 pontos da Carta Compromisso que será entregue ao vice-presidente Michel Temer em um almoço hoje no Palácio do Jaburu. A carta que contém um mini-programa de governo tucano, será a base para o apoio congressual e participação efetiva no eventual governo pós-impeachment.
Participaram do café da manhã, antes da reunião da Executiva que acontece na sede do partido, os governadores Geraldo Alckmin (SP), Beto Richa (PR), Marcone Perillo (GO), Reinaldo Azambuja (MS), Pedro Taques (MT) e Simão Jatene (PA).
O documento elaborado por economistas tucanos coordenado pelo senador Tasso Jereissati (CE) começa com a defesa do combate a corrupção e reforma política que prevê a rediscussão do Parlamentarismo a partir de 2018. Contém 15 pontos de uma agenda emergencial de recuperação da economia e retomada da geração de empregos, que passa pela exigência da apresentação de medidas emergenciais de ajuste fiscal e simplificação do sistema tributário num prazo de 30 a 60 dias.
A Carta Compromisso será sacramentada na reunião da Executiva nacional, antes do almoço no Jaburu, quando Aécio deve discutir com Temer também como se dará a participação do PSDB no eventual governo pós impeachment. Estão cotados para o ministério o senador José Serra (SP) , no Itamaraty, e o deputado Bruno Araújo (PE), que deu o voto decisivo para admissibilidade do impeachment na Câmara, na pasta Social.
Os dirigentes do partido incluíram, além das já conhecidas reformas estruturantes, a manutenção e qualificação dos programas sociais com portas de saída, reforma política com redução de partidos para preparar o ambiente para adoção do parlamentarismo no futuro, qualificação da gestão pública com a redução do aparelhamento do estado e mudança na forma de montagem dos governos de coalizão, tirando dos partidos o poder para impor indicações. O primeiro item é compromisso inarredável com continuidade de investigações da Operação Lava Jato.
“Está tudo certo e não deve ter mudanças. Uma reunião grande dessas para dar certo já tem que vir com tudo acertado”, disse o ministeriável Bruno Araújo antes da reunião da Executiva.
“O relevante para que o PSDB apoie um governo de salvação do país, é o compromisso de Temer com a agenda que estamos preparando e prevê uma reforma do Estado para qualificar a gestão pública, com redução de ministérios, aprimoramento dos programas sociais. Apresentaremos um conjunto de propostas que é a síntese do que achamos necessário para tirar o Brasil dessa enorme crise. O essencial para nós é o apoio a essa agenda. O PSDB tem responsabilidade e não vai faltar ao país”, explicou Aécio, ao falar do documento que está sendo fechado nesta terça.
Uma prévia do documento mencionava a adoção de mandatos independentes para o Banco Central, mas a pedido do senador José Serra (SP), cotado para assumir o Ministério das Relações Exteriores mas com preocupações na área econômica, esse item foi retirado.
“O documento do PSDB é a base para o apoio do partido ao governo Temer. Não tem a pretensão de detalhar nada , sobre como fazer os enunciados que estamos fechando. Mas há no documento um trecho grande , da reforma política, além das cláusulas de barreira para reduzir as quase quatro dezenas de partidos hoje existentes, discorre sobre a necessidade de mudança sobre a fórmula de funcionamento dos governos de coalizão. Não tem sentido aumentar o número de ministérios para abrigar todos os partidos que apoiam o governo. Um exemplo do que defendemos, foi a escolha de Serra por Temer. Serra não foi uma exigência do PSDB, foi uma escolha de Temer, mas o partido apoia”, explica o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).
Sobre a Lava Jato, o documento com a defesa da continuidade das investigações encabeçando as propostas, é uma forma de o PSDB minimizar o impacto político de citações a tucanos como o presidente Aécio Neves (MG), que teve ontem pedido de abertura de inquérito por parte do procurador geral da República, Rodrigo Janot.
A ideia é não deixar dúvidas que o partido confia que , ao final das investigações, o inquérito será arquivado por improcedência das denúncias feitas em delação premiada do senador Delcídio Oliveira (sem partido -MS), envolvendo o senador tucano em um suposto esquema de propinas em Furnas.