O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) defendeu nesta segunda-feira (6) o afastamento do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e fez duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A solução natural para que iniciemos uma completa reforma desta Casa é o afastamento do presidente Sarney", discursou.
Conhecido por seus posicionamentos polêmicos, Jarbas partiu para o ataque contra o presidente Lula. Segundo ele, a defesa de Lula à manutenção de Sarney no cargo é "uma ingerência sem limites, vista anteriormente apenas durante a ditadura militar".
Fazendo referência à reunião de Lula com a bancada do PT na semana passada, o peemedebista acusou o presidente de estar "constrangendo e ameaçando seus próprios partidários".
Segundo ele, as intervenções de Lula são "para impor sua vontade imperial, sustentando um presidente do Senado que não tem apoio interno para permanecer no cargo". Vasconcelos disse que Sarney é "um presidente que se transformou em uma rara unanimidade negativa frente à opinião pública".
Por telefone, a assessoria do presidente do Senado disse que Sarney não iria comentar a posição do colega. Sarney está no Senado, mas não deve aparecer no plenário nesta tarde. O Palácio do Planalto informou ao G1 que também não comentaria as declarações do senador. Lula está na França, em viagem oficial.
Propostas
Jarbas apresentou duas propostas para resolver a crise do Senado. A primeira seria "chamar à razão o presidente Sarney e fazê-lo ver que está destruindo a si mesmo e a esta Casa".
Já a segunda seria "persuadir os senadores do PT a reafirmar a decisão da bancada pelo afastamento do presidente Sarney". Falando dos colegas de bancada do PMDB, Jarbas disse não ter ilusões: "Não há apelo que suplante os interesses individuais dos nossos senadores", lamentou.
Contas secretas
O primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), afirmou nesta segunda-feira (6) que vai pedir a unificação de três contas bancárias do Senado. Segundo Fortes, "não há motivos para que a verba depositada nas três contas continue dividida".
A Diretoria-Geral do Senado anunciou a contratação de uma auditoria externa para verificar irregularidades nas movimentações financeiras das contas.
Segundo reportagem do jornal "Folha de S.Paulo", as contas teriam sido criadas em 1997 pela Mesa Diretora do Senado, então dirigida pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), e estariam fora da contabilidade oficial da Casa e do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), que fiscaliza os gastos públicos. Os valores depositados nessas contas atualmente somariam R$ 160 milhões.
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