Há cinco anos, bem antes de se ver às voltas com denúncias de sonegação fiscal, a Daslu, templo do luxo instalado em São Paulo, começou a se envolver numa pendenga judicial bem mais prosaica, por causa de um zíper, que pode acabar na penhora do caixa da loja. O princípio do imbróglio foi a compra, em fevereiro de 2000, que a advogada Deane Weikersheimer fez na loja: um vestido cinza, de R$ 1.260, para ir ao casamento do sobrinho. De volta ao Rio, onde mora, ela se preparava para ir à cerimônia quando percebeu que o zíper da roupa havia arrebentado. O jeito foi costurar a peça por dentro, ficar imóvel na festa e, depois, reclamar.
- Entrei em contato com a loja, pedi a devolução do que paguei pelo vestido, dos gastos com a viagem para São Paulo, e alguma indenização. Eu aceitaria até uma blusinha de R$ 10. Mas, em vez disso, eles foram grosseiros.
Denise Hungria, advogada do escritório que defende a Daslu, afirma que o acordo não saiu porque a cliente queria um valor muito alto, equivalente a 20 vezes o do vestido.
Em julho, a disputa chegou à Justiça. A primeira decisão do Tribunal de Justiça do Rio, em junho de 2002, condenou a Daslu a pagar cem salários mínimos à cliente, além de bancar o custo do processo e os 10% de honorários do advogado. A butique recorreu e, em abril de 2003, conseguiu a redução da indenização para 50 salários mínimos, valor que na época correspondia a R$ 13.684.
Mas para que a decisão tomada no Rio seja executada em São Paulo é preciso que a Justiça emita uma carta precatória. Isso só aconteceu em dezembro do ano passado. A Daslu fez o pagamento de R$ 13.684 mas, transcorridos dois anos e oitos meses desde a decisão, a cliente cobra a correção monetária de R$ 8.435,60. Para cobrar esse montante, Barros e Castro voltou à Justiça e pediu a penhora on line do caixa da empresa.
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