Dizendo-se decepcionado com o Congresso e com a decisão de seu partido de mais uma vez não ter candidato próprio à Presidência da República, o deputado Moreira Franco (PMDB-RJ) preparou uma carta que será enviada aos eleitores informando que vai desistir de disputar as eleições de outubro. Na carta, o deputado fluminense reclama de seu partido e se diz descrente que a próxima legislatura consiga fazer a reforma política que o país precisa, depois de tantos escândalos de corrupção, especialmente o do mensalão e dos sanguessugas.

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"Duas razões me levam à decisão de não concorrer à renovação do mandato de deputado federal. A primeira, foi a constatação de que a Câmara dos Deputados, afundada no descrédito e na inoperância, mesmo renovada, não terá condições de liderar o processo de reforma política e moral que o país reclama. A segunda, foi o desencanto com o meu partido, o PMDB, por assumir a posição de não lançar candidatura própria à Presidência de República e nem apoiar, oficialmente, nenhum candidato para negociar, em nome da 'governabilidade', sustentação parlamentar com o presidente escolhido nas urnas", diz a carta.

O ex-governador do Rio diz que o Poder Legislativo tornou-se "um apêndice" do Executivo, que define e pauta a agenda política nacional. Moreira afirma ainda que já teve outras experiências positivas na vida pública sem exercer cargos eletivos e que a atual legislatura o obrigou a conviver com os piores momentos da vida parlamentar brasileira. O deputado, que relatou a minirreforma eleitoral na Câmara, diz ainda que o Parlamento perdeu consistência e autoridade em meio às constantes denúncias de corrupção, como do mensalão e das ambulâncias.

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"A legislatura que se encerra me obrigou a conviver com os piores momentos da vida parlamentar brasileira. Pouco se realizou e quase nada se avançou nas reformas que poderiam criar condições para a geração de mais empregos e renda. O trabalho parlamentar foi perdendo fôlego, consistência e autoridade na avalanche de denúncias que apontavam para a degradação das práticas republicanas, para o esgarçamento moral dos agentes públicos em suas relações com o Erário", diz a carta.

Moreira afirma ainda que o plenário da Câmara ignorou evidências e deu cobertura e justificativa política aos desvios de conduta dos parlamentares. Por estar convencido de que a instituição não terá na próxima legislatura energia e vitalidade para realizar as mudanças necessárias, o deputado diz que concluiu ser melhor desistir de disputar novo mandato.