O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, defendeu nesta terça-feira a manutenção da candidatura de Tarso Genro para a presidência do PT, mas criticou sua atitude de dar um ultimato ao ex-ministro José Dirceu para que deixe a chapa. Para Déda, a negociação e o convencimento são os melhores caminhos.
- Acho lamentável o companheiro Tarso Genro abrir mão da candidatura para a presidência do PT. O perfil do Tarso é o mais adequado para esse momento, mas na hora que se reduz essa questão ao ultimato é complicado. É que as pessoas não costumam aceitar ultimatos - disse.
O prefeito disse ainda que esse é um debate político, e não pessoal.
- É um debate político e não um conflito pessoal entre Tarso e Zé (Dirceu). Não é um debate fulanizado e nem personalizado: ou eu ou ele - afirmou.
Para Déda, esse racha do Campo Majoritário pode colocar em risco a realização das eleições internas do partido. Sobre o afastamento de Dirceu, Deda disse que o ideal seria que a chapa não fosse vinculada àqueles que controlavam o partido até agora. Ele afirmou que seria importante que na chapa fosse reproduzida a renovação do PT. Déda foi um dos petistas que nos últimos dias tentou convencer Dirceu a abandonar a disputa.
Tarso, que é o presidente interino do PT, deu prazo até esta quarta-feira para que Dirceu decida se afastar da disputa eleitoral do partido, marcada para 18 de setembro. Caso contrário, Tarso disse que desistirá de concorrer à presidência do partido na eleição.
- Eu acho que até quarta-feira deve ficar definida a composição da chapa. Se é uma chapa de ruptura e renovação ou se é uma chapa de renovação com conservação. É uma opção política, de uma ruptura, com um novo núcleo dirigente; ou a conservação melhorada. Eu só trabalho com a primeira hipótese. Eu converso com o José Dirceu há quase 20 anos. Para mim, não tem problema nenhum. Só que nós já conversamos sobre o assunto, de uma maneira muito fraterna e muito séria. Então, para mim, não há nenhum problema em conversar. Só que os prazos estão se apertando. Eu acho que isso aí deve ficar resolvido até quarta-feira - disse Tarso.
Por telefone, a assessoria de Dirceu disse ao "Bom dia Brasil", da Rede Globo, que o deputado quer colaborar com o processo eleitoral do PT, que está consultando os integrantes da chapa e que até esta quarta decide se desiste ou não de participar das eleições.
Tarso deixou o Ministério da Educação para assumir a presidência do PT em julho, no auge da crise do partido. Desde então, vem travando uma guerra de bastidores com Dirceu, que já foi presidente da legenda. Apesar de ter deixado a Casa Civil e estar enfrentando um processo de cassação na Câmara, Dirceu vem mostrando que ainda tem influência nas decisões internas do PT. O ex-ministro é um dos homens fortes do Campo Majoritário, tendência que dominava a cúpula partidária até a eclosão da crise que tirou da presidência o ex-deputado José Genoino.
No fim de julho, Tarso chegou a afirmar que o Campo Majoritário não tinha mais a capacidade de organização política de antes no partido. Mas, na primeira reunião do diretório nacional após a mudança no comando, Dirceu levou a melhor sobre Tarso. O novo presidente defendia que os parlamentares petistas envolvidos nos escândalos do mensalão e do caixa dois que viessem a renunciar aos mandatos não tivessem legenda para disputar eleições em 2006. Mas Dirceu conseguiu impedir o acordo.
A intervenção irritou Tarso. Dois dias depois, ele deu o primeiro aviso de que poderia não disputar a eleição interna caso visse que não conseguiria pôr em prática seu plano de 'repactuar o partido'. O ex-ministro da Educação argumentou que as interferências estavam obstruindo uma transição com autonomia.
Dependendo do resultado das eleições, um grupo de 21 parlamentares ligados à esquerda pode desembarcar do partido.
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